José Pedro Soares, ex-preso político e dirigente da URAP esteve presente numa sessão em Évora promovida em conjunto pela colectividade SOIR Joaquim António d’Aguiar e a URAP sob o tema “O passado foi lá atrás?”, que visava lembrar as atrocidades do fascismo e a luta pela democracia em Portugal.
A sessão, realizada na sede da colectividade, ocorreu dia 17 de Setembro passado, e foi conduzida por Manuel Branco, nela participando igualmente José Mendes, dirigente da SOIR.
José Pedro Soares iniciou a sua intervenção dizendo que “veio conversar com amigos sobre temas da actualidade, mas também recorrendo à história e à nossa experiência enquanto democratas para poder evocar o 25 de Abril”.
“Queremos chamar a atenção para expressões e actos que estão a decorrer e que de alguma forma estão a pôr em causa a democracia e os seus valores tal como os entendemos”, disse.
O orador salientou ainda que “sabendo que este percurso histórico foi tão doloroso para o nosso povo, acho que é necessário nesta altura sinalizar essas coisas e sabermos combater populismos e as extremas-direitas e tudo aquilo que vem pôr em causa os nossos direitos tão duramente conquistados”.
José Pedro Soares, natural da zona de Vila Franca de Xira, esteve preso durante cerca de três anos, tendo sido brutalmente torturado e sendo um dos presos políticos mais jovens que se encontrava encarcerado no 25 de Abril de 1974.
“Envolvi-me no movimento associativo, em colectividades e liguei-me ao PCP e aos trabalhadores e acabei por ser preso”, afirmou, acrescentando “estive 23 meses em Caxias”.
“Só fui julgado quase ao fim de dois anos e a sentença acabou por ser de três anos e meio, fui depois para a prisão em Peniche e sai com o 25 de Abril”, contou.
O dirigente da SOIR José Mendes, por sua vez, declarou à imprensa local, que a iniciativa visou “a valorização destes espaços democráticos, tendo partido também de uma atitude louvável de outras associações da cidade de envolver o movimento associativo nesta construção da democracia”.
Referiu ainda que “hoje em dia, estes são lugares que estão de certa forma ameaçados do ponto de vista da participação, do envolvimento, da criação e fruição cultural e da construção dos valores da sociedade”.
Segundo José Mendes, “este é também um elemento importante de afirmação daquilo que queremos para a cidade e do ponto de vista daquilo que é o projeto de vida dos jovens e do movimento associativo em Portugal”.
Para Manuel Branco, “estes homens são personagens vivas da nossa história contemporânea e vale a pena ouvi-los”.