Cabanas do Viriato, freguesia do Carregal do Sal, distrito de Viseu, recebeu dia 20 de Junho meia centena de sobreviventes ou seus descendentes da II Guerra Mundial, graças aos vistos do Cônsul português Aristides de Sousa Mendes. Neste momento estão já identificados, graças à investigadora norte-americana Olivia Mattis, 3.000 judeus fugidos do Holocausto.
A homenagem, preparada com Sebastian Mendes, neto do diplomata, acolhe alguns destes homens ainda vivos e familiares das cerca de 30.000 pessoas de todas as nacionalidades, 10 mil das quais judeus fugidos de França e que chegados a Bordéus, sabendo que havia um Cônsul, que até desconheciam o nome, que dava vistos que permitia a sua saída através de Portugal se deslocavam ao Consulado português.
Na posse do visto, transitavam por Portugal e seguiam destino aos Estados Unidos, onde ainda vive a maior parte, embora hoje estejam espalhados também por vários países europeus.
Olivia Mattis, Sebastian Mendes e Miguel Ávila, um gestor português emigrado na Califórnia, juntaram-se para recuperar a Casa do Passal, em Cabanas do Viriato, terra natal de Aristides Sousa Mendes, e nela instalar a Fundação Aristides Sousa Mendes e edificar um museu, o que ainda não aconteceu.
Devido à verba necessária para as obras, que ao fim de 12 anos ainda não foi conseguida, a cerimónia vai realizar-se numa instalação colocada frente às ruinas da Casa do Passal, onde vai ser anunciada a libertação por parte do QREN de 360 mil euros que poderão realizar o sonho.
Aristides Sousa Mendes nasceu a 16 de Junho de 1940 e morreu na miséria a 03 de Abril de 1954. Contrariando uma ordem do ditador Salazar, Aristides decide conceder visto a todos os que o pedissem: "A partir de agora, darei vistos a toda a gente, já não há nacionalidades, raça ou religião". Com a ajuda dos seus filhos e sobrinhos e do rabino Kruger, carimba passaportes, assina vistos, usando todas as folhas de papel disponíveis.
Os nazis foram responsáveis pelo Holocausto, que matou cerca de seis milhões de judeus bem como dois milhões de polacos e quatro milhões de outros que foram considerados "indignos de viver" (incluindo os deficientes e doentes mentais, comunistas, prisioneiros de guerra soviéticos, homossexuais, maçons, testemunhas de Jeová e ciganos).
A URAP, como movimento de resistência antifascista, não cessa de divulgar por todos os meios os crimes do Holocausto e de alertar no presente para o recrudescimento de organizações de extrema direita que ameaçam os povos e a democracia.