Um grupo de sócios do Sindicato da Hotelaria do Algarve deslocou-se ao Forte de Peniche e ao Memorial aos Presos Políticos, dia 14 de Outubro, numa visita guiada por Adelino Pereira da Silva, ex-preso político naquela cadeia.
A visita guiada, organizada pela URAP, reuniu 10 sócios do Sindicato e mais cerca de 20 pessoas que se encontravam no local e se juntaram a eles. Todos participaram com perguntas interessantes sobre várias questões e manifestaram a sua emoção pelo testemunho.
O grupo esteve no Parlatório, onde eram realizadas as visitas mediante as normas e procedimentos arbitrários existentes na cadeia, e no Pátio dos Recreios, onde os presos passeavam quando não eram interrompidos pelos guardas prisionais por qualquer pretexto.
Foi no Pátio que se falou na vida dos presos nos Pavilhões A (salas) e B (celas), que não foram visitados por se encontrarem fechados devido ao seu estado de degradação. As celas eram utilizadas para pôr os presos recém-chegados em regime de observação, ou seja em isolamento, após os violentos interrogatórios de que tinham anteriormente sido vítimas.
O significado do Memorial aos presos políticos de Peniche, inaugurado em Setembro último, foi explicado aos presentes, que se deslocaram também à Sala do Governador, no Bloco C, onde se encontram os nomes dos cerca de 2.500 presos políticos que passaram pelo Forte.
O grupo viu ainda uma exposição no 2ª piso, e a Cisterna do século XVII que abastecia com água potável as tropas aquarteladas no Forte e a população da Vila, em tempo de seca.
Adelino Pereira da Silva relatou também as fugas que ocorreram durante o fascismo, a vida dos presos no seu dia a dia, a comida intragável e a ocupação do tempo dos presos.
Descreveu igualmente factos como a solidariedade interna e externa, com destaque para o apoio da população de Peniche aos familiares dos presos e o papel da Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos, criada nos finais de 1969, que trouxe uma melhoria substancial em defesa dos presos políticos.