A apresentação pública do núcleo da URAP da Moita decorreu dia 1 de Dezembro no Ginásio Atlético Clube da Baixa da Banheira com intervenções políticas, exposição sobre a resistência antifascista, canto livre e venda de livros.
No mesmo ginásio que serviu de palco a comícios da oposição antes do 25 de Abril, Ana Pato, em nome da direcção da URAP, falou da complexa situação internacional, com graves atentados à democracia em vários países da América Latina e também na Europa, como é o caso da Polónia.
Segundo Ana Pato, em Portugal urge "defender a liberdade e a democracia, que não é defender abstracções, mas sim a saúde, educação, cultura, liberdade de expressão e de organização, trabalho com direitos".
Para tal, acrescentou, é necessário também um reforço da URAP - objectivo a que a constituição do núcleo da Moita responde - que deve lutar por objectivos concretos, traçados pela direcção do movimento, nomeadamente, a filiação de 100 novos sócios até Março, criação de cinco novos núcleos, actualização dos ficheiro e regularização das quotas.
O membro do Conselho Nacional da URAP Álvaro Pato falou das comemorações dos 50 anos da fundação da Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos (CNSPP), antecessora da URAP, que se iniciam com uma sessão nacional em Janeiro de 2020 e prosseguirão depois um pouco por todo o país.
A mesa da sessão foi constituída por Adriano Conceição, do núcleo da Moita, pelo presidente da Câmara da Moita, Rui Garcia, pelo presidente da União de Freguesias da Baixa da Banheira e Vale de Amoreira, Nuno Cavaco, e pelo presidente do Ginásio Atlético Clube, Vítor Barata. A apresentação esteve a cargo de Irene Encarnação.
Na sua intervenção o presidente da Câmara, Rui Garcia, reforçou a ideia de que o fascismo não foi um episódio da história, será sempre um instrumento para manter o domínio do capital sempre que for necessário e sempre que a luta puser em causa os seus privilégios. Para Rui Garcia, a luta antifascista não é algo do passado e não se deve aceitar a versão de que o fascismo é um modelo único. Caracteriza-se por ser a ditadura terrorista do capital.
O presidente do Ginásio Atlético Clube, Vítor Barata, relembrou, por seu lado, o papel simbólico que o ginásio representa dado que foi ´baluarte da luta contra o fascismo´, afirmação corroborada por um ex-preso político presente na sessão, Staline de Jesus, que recordou que "naquele ginásio realizaram-se reuniões clandestinas".
De notar que durante a resistência ao fascismo funcionou clandestinamente na Igreja de Alhos Vedros um duplicador, com o apoio do padre Carlos, além de outros duplicadores em casas particulares.
Diamantino Cabrita, do núcleo da Moita, fez a leitura de poemas, que intercalou com os discursos dos oradores, e saudou os resistentes presentes, nomeadamente Américo Leal, Álvaro Pato, Jesuíno, Leonel Coelho, Staline de Jesus, no que foi acompanhado por Nuno Cavaco.
Durante o debate, moderado por Adriano Conceição, foi abordado o papel do associativismo e das colectividades do concelho na resistência e formação política das pessoas, que prossegue agora com um sistemático contacto com a juventude nas escolas.
No início e no fim da sessão actuaram os músicos Tony da Costa e Octávio Rodrigues.
A exposição, montada no exterior da sala, era constituída por documentos nacionais e por outros relativos ao concelho da Moita, como fotografias, panfletos, recortes da imprensa, fichas da PIDE, que testemunham a luta e a resistência das populações locais.