O poeta de Abril Joaquim Pessoa morreu, dia 17 de Abril, em Lisboa, aos 75 anos, vítima de doença prolongada.
Nascido no Barreiro a 22 de Fevereiro de 1948, Joaquim Maria Pessoa destacou-se como poeta, artista plástico, publicitário e estudioso de arte pré-histórica. Juntamente com Carlos Mendes, Ary dos Santos, Fernando Tordo, Paulo de Carvalho e Luiz Villas-Boas, entre outros, fundou a cooperativa artística Toma Lá Disco.
Formado em Marketing e Publicidade, foi director criativo e director-geral de várias agências de publicidade e autor ou co-autor de programas de televisão, como 1000 Imagens, Rua Sésamo ou 45 Anos de Publicidade em Portugal.
Director da Sociedade Portuguesa de Autores entre 1988 e 1994, o seu primeiro livro foi editado em 1975, tendo publicado um total de mais de 30 obras. Foi também director literário da Litexa Editora, director do jornal Poetas & Trovadores, colaborador das revistas Sílex e Vértice e do jornal a Bola.
Em 2015, após 40 anos de actividade literária, foi criado pela Câmara Municipal da Moita e as Edições Esgotadas o prémio de poesia anual Joaquim Pessoa, destinado a distinguir uma obra inédita de poesia escrita em língua portuguesa. Nome que foi também atribuído a ruas na Baixa da Banheira e no Poceirão.
Para David Mourão Ferreira, Joaquim Pessoa foi "o poeta progressista de hoje mais naturalmente capaz de comunicar com um vasto público" e Fernando Dacosta considerou-o como "herdeiro de linhas riquíssimas da cultura portuguesa, que se afirmou pela luminosidade da sua escrita, pelo domínio da sua pintura, pela subtileza da sua inquietação, um autor irrecusável no panorama cultural português".
No pós 25 de Abril teve uma colaboração estreita com o cantor Carlos Mendes, que musicou e interpretou muitos dos seus poemas como “Amélia dos Olhos Doces”, “Amor Combate” ou “Alcácer que Vier”. Destaca-se ainda “Não te rendas meu povo”, interpretado por Luísa Basto, e “Lisboa, menina e moça”, criada em parceria com José Carlos Ary dos Santos e Fernando Tordo e imortalizada pela voz de Carlos do Carmo.
Não te rendas meu povo, não te rendas/Às mãos de quem te quer voltar a ver/Cativo e desgraçado não te vendas/Aqui, nada mais temos a vender/Não te cales meu povo, que a saudade/Já não pode roer dentro de nós/Se o teu punho constrói a liberdade/Levanta ainda mais a tua voz (…)
A URAP envia à família e aos amigos as suas mais sentidas condolências.