História
A URAP esteve presente no encontro internacional de juventude, no campo de concentração de Buchenwald, por ocasião do 63º aniversário da sua auto-libertação. Para mais textos consulte-se História.
Com a subida de Hitler ao poder em 30 de Janeiro de 1933 e a consequente construção do Estado nazi, um dos primeiros objectivos do novo poder foi o de perseguir e deter todos os cidadãos alemães considerados perigosos para os seus intentos hediondos: os comunistas em primeiro lugar, mas também sindicalistas, sociais-democratas, outros democratas e até alguns sacerdotes religiosos.
Para esse efeito foi instalado em Dachau o primeiro Campo de Concentração do III Reich. Este modelo de campo serviu de inspiração à instalação subsequente do Campo de Concentração de Oranienburg-Sachsenhausen, implantado precisamente para constituir uma infra-estrutura de treino para as unidades da morte das SS (Schutzstaffel).
Com a anexação da Áustria em 1938, os nazis passaram a dispor de seis grandes Campos de Concentração, promovendo antigos campos de detenção temporária a essa condição, ou fundindo alguns destes: Dachau, Sachsenhausen, Buchenwald, Flossenburg, Mauthausen e já em 1939 e especificamente para a prisão de mulheres, Ravensbrück. Nestes meses de 1939, os nazis iniciaram igualmente a codificação dos prisioneiros nos Campos de Concentração segundo a razão da sua detenção (política, étnica, racial, social), tal como a tatuagem do número do prisioneiro no seu corpo e a utilização massiva de prisioneiros como mão-de-obra na indústria do armamento do III Reich.
Já em Novembro de 1938 os nazis haviam iniciado a sua brutal política de perseguição e detenção de comunidades de judeus, tal como o seu posterior envio para os Campos de Concentração, simultaneamente com o ataque à Polónia. Entretanto, os nazis tinham já disponíveis os Campo de Concentração de Auschwitz – I e de Stutthoff direccionados especificamente para a prisão de judeus, sendo que também aí foram enclausurados diversos presos políticos.
Entrados em 1940, os nazis invadiram a Bélgica, a Holanda e a França, ocupando os seus territórios e organizando a detenção de largas camadas de antifascistas desses países, com a consequente detenção pela polícia política nazi (Gestapo) e prisão nas suas cadeias para interrogatório ou execução imediata, ou envio para prisões temporárias como Natzweiler-Stutthoff em França, Amersfoort na Holanda, Gross Rosen na Polónia ou o Forte de Breendonk na Bélgica. Relativamente aos judeus, os nazis iniciaram a sua política de segregação racial pela sua detenção em Campos de Concentração ou isolamento em guetos nas cidades dos territórios ocupados, onde, de forma brutal e arbitrária, os oficiais nazis cometeram assassinatos e violações sobre as suas comunidades.
Durante o avanço das unidades do Exército nazi para o ataque ao território da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, entre 1941 e 1942, foram executadas populações civis judias dos territórios tomados pelos nazis, operações lideradas pelas einsatzgruppen das SS que secundavam as tropas regulares alemães.
Quando se deu início ao extermínio massivo dos judeus (a que os nazis chamaram solução final), após decisão proclamada em 20 de Janeiro de 1942 na Conferência de Wannsee, foram instalados Campos de Extermínio direccionados para esse crime em massa: a primeira infra-estrutura desse tipo, o Campo de Chelmno junto a Lodz na Polónia, sentenciou a morte de 154 000 judeus desta cidade ocupada ainda nesse ano de 1942. A este primeiro Campo de Extermínio nazi, juntaram-se os Campos de Auschwitz-Birkenau II, Majdanek, Treblinka e Sobibor na Polónia ocupada. Conscientemente sabendo da barbaridade dos seus actos, os nazis executaram de forma secreta mais de 3 milhões de judeus. No entanto, não conseguiram eliminar as provas materiais dos crimes hediondos cometidos em Auschwitz e Majdanek, por exemplo, e que foram libertados pelo Exército soviético.
Outro tipo de instalações de prisão do nazismo foi a dos Campos de Trabalho, onde os nazis prenderam mais de 10 milhões de cidadãos dos Estados ocupados, sobretudo da Europa Oriental, e que foram compelidos ao trabalho na indústria, na agricultura, na extracção mineira e na construção ferroviária do território do III Reich.
Preferencialmente jovens, os prisioneiros viviam em condições miseráveis e eram sujeitos a todo o tipo de riscos nas suas actividades quotidianas, sem qualquer preocupação com a sua integridade física ou mental. Foram também detidos e enviados para estes campos de trabalho forçado, milhares de cidadãos franceses e italianos. Os oficiais da polícia política (Gestapo) organizavam rusgas massivas para deter pessoas, violando os domicílios privados a qualquer hora do dia ou da noite, ou simplesmente na via pública.
Adicionam-se agora os dados estatísticos estimados relativos aos mortos de alguns dos principais Campos de Detenção, Concentração e Extermínio erigidos pelo poder nazi.
Tipo de Campo | País | Localização | Mortos |
Concentração |
Alemanha |
Buchenwald |
56 000 |
Trabalho Forçado (Mulheres) |
Alemanha |
Ravensbrück |
92 000 |
Trabalho Forçado |
Alemanha |
Sachsenhausen |
100 167 |
Trabalho Forçado |
Alemanha |
Mittelbau-Dora |
15 000 |
Concentração |
Alemanha |
Bergen-Belsen |
48 000 |
Extermínio |
Polónia |
Chelmno |
360 000 |
Trabalho Forçado |
Alemanha |
Dachau |
31 951 |
Trabalho Forçado |
Alemanha |
Flossenburg |
73 296 |
Extermínio e Trabalho Forçado |
Polónia |
Auschwitz |
4 000 000 |
Extermínio |
Polónia |
Belzec |
600 000 |
Extermínio |
Polónia |
Majdanek-Lublin |
1 380 000 |
Extermínio |
Polónia |
Treblinka |
800 000 |
Trânsito e Gueto |
Checoslováquia |
Teresin |
58 000 |
Trabalho Forçado |
Alemanha |
Neuengamme |
82 000 |
Trabalho Forçado |
Polónia |
Gross Rosen |
20 000 |
Trabalho Forçado |
Polónia |
Stutthoff |
80 000 |
Trabalho Forçado |
França |
Natzweiler |
25 000 |
Extermínio |
Polónia |
Sobidor |
250 000 |
Trabalho Forçado |
Áustria |
Mauthausen |
122 766 |
Trabalho Forçado e Extermínio |
Polónia |
Varsóvia |
200 000 |
Extermínio |
Jugoslávia (Croácia) |
Sajmiste |
100 000 |
Extermínio |
Jugoslávia (Croácia) |
Jasenovac |
600 000 |
Sem contabilizar os campos criados para a detenção de população dos países ocupados e que foram sendo criados conforme a arbitrariedade, o nazismo estabeleceu cerca de 15 000 Campos de Detenção, Trânsito, Trabalho Forçado, Concentração e Extermínio no território da Alemanha e dos países ocupados. Foram detidos nessas infra-estruturas da morte mais de 11 milhões de seres humanos, tendo sido salvos do seu extermínio criminoso cerca de 500 000 pessoas, quando se consumou a vitória sobre o nazi-fascismo em 1945.
A brutalidade, a desumanidade e a barbárie do nazi-fascismo não pode, pois, jamais ser esquecida, branqueada ou apagada da memória dos povos. Como também não pode ser igualmente negligenciado o papel das resistências civis clandestinas nos vários países ocupados e na própria Alemanha, assim como o papel do Exército vermelho na frente Oriental do conflito na Europa e no Extremo Oriente, onde enfrentou outro poder nazi-fascista, como o era o do Japão imperial. Tal como as forças aliadas da frente Ocidental, ou ainda os próprios presos dos campos de concentração que se organizaram para resistir ou dificultar a acção criminosa do nazi-fascismo.
David Pereira