A vila de Aljustrel celebra, entre 1 de Novembro e 4 de Dezembro, os 100 anos da greve dos mineiros do Inverno de 1922, com debates, espectáculos e uma exposição intitulada “Aljustrel – 100 anos, do fundo à superfície”, patente no Sindicato dos Mineiros e composta por 80 painéis que retratam a luta dos mineiros e muito da história da exploração mineira naquele concelho.
A URAP, uma das organizações promotoras do evento, participou no debate “Trabalho, luta e resistência nas minas de Aljustrel”, que encheu a sala do Centro Documental do Município de Aljustrel, dia 19 de Novembro, tendo usado a palavra José Pedro Soares, coordenador da URAP, que referiu, entre muitos aspectos, a importância da exposição e a necessidade desta ficar definitivamente em espaço de memória em Aljustrel ou a sua circulação através do país.
A sessão de dia 19, na qual participaram ainda como oradores José Godinho e Domingos Abrantes, foi antecedida por um vasto programa de comemorações que se iniciou dia 1 de Novembro com a inauguração da exposição “Aljustrel – 100 anos, do fundo à superfície”; uma sessão de teatro com a peça “A Mina”, no dia 3; o espectáculo “Aljustrel – 100 anos, do fundo à superfície”, dia 4; o debate “Vida sindical, condições de trabalho e segurança”, dia 5; e o documentário “Mineiros”, dia 12 de Novembro.
José Pedro Soares considerou a exposição “uma extraordinária montra histórica, com textos e ilustrações que documentam a actividade mineira ao longo de mais de quatro mil anos, desde o período Islâmico, passando pelo Romano e toda a Idade Média, depois a Revolução Industrial, mais tarde a I e II guerras mundiais, todo um percurso marcado pelo trabalho duro, pelos baixos salários, os despedimentos, no qual milhares de mineiros passaram parte das suas vidas a grandes profundidades e em condições horrorosas de trabalho e de intensa exploração”.
A greve dos mineiros de Aljustrel de 1922, que se prolongou por cerca de três meses, provocou uma onda de solidariedade por todo o país, nomeadamente através do acolhimento provisório de crianças para sobreviverem, dada a fome que atingiu as suas famílias. As crianças regressariam quando a greve terminou, num grande dia de festa.
Do programa das comemorações constam ainda dois debates “O movimento operário no Alentejo – passado, presente e futuro das minas de Aljustrel”, dia 26 de Novembro, e “Minas de Aljustrel: que futuro?”, dia 2 de Dezembro.