Homenagem aos Tarrafalistas 2025
Memorial – Cemitério do Alto de São João
15 de fevereiro de 2025

Caros Amigos e Camaradas
Caros familiares dos Tarrafalistas que hoje voltamos a homenagear
Caros Antifascistas e Democratas que connosco se juntam,


Ao chamamento da União dos Resistentes Antifascistas Portugueses, voltamos hoje a aqui nos reunirmos em homenagem àqueles que a Ditadura Fascista prendeu no Campo de Concentração do Tarrafal.
Este ano, ano em que ainda se comemoram 50 anos da Revolução de Abril, é também o ano em que foi alcançada e reconhecida a independência dos povos colonizados da Guiné, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Moçambique e Angola, e em que a luta do povo timorense entrava numa nova e difícil fase no seu caminho para a independência.


Criado em 1936, o Campo de Concentração do Tarrafal teve como objetivo a destruição política, social, mental e física daqueles que o Fascismo considerava os seus mais firmes e perigosos opositores.


Construído propositadamente num local isolado e insalubre, onde os presos mal alimentados eram submetidos a brutais maus-tratos e sevícias e não tinham acesso a medicamentos indispensáveis ao tratamento das doenças que contraiam, o Campo de Concentração do Tarrafal foi campo de Morte.
Campo da Morte Lenta como foi conhecido.


De 1936 a 1954 por lá passaram, enviados de Portugal, 362 homens, resistentes de filiação comunista, anarquista e outros antifascistas.
Entre 1936 e 1954 lá foram assassinados pelas brutais condições a que estavam submetidos os 32 companheiros para aqui transladados em 18 de Fevereiro de 1978.


Muitos outros ficaram com a saúde e a vida destruída. Mais de 40 contraíram tuberculose.


Muitos vieram a morrer mais tarde por essa ou outras doenças lá contraídas.


A partir de 1961, o Campo de Concentração do Tarrafal foi usado para aí prender mais 227 lutadores anticoloniais da Guiné, Cabo-Verde e Angola.
No dia 1º de Maio de 1974, no âmbito da Revolução de Abril então iniciada, os militares revolucionários do Movimento das Forças Armadas, libertaram os presos e encerraram o Campo de Concentração.


O Fascismo é uma ideologia e uma prática política odiosa e cobarde de violência, opressão, exploração, mentira e injustiça.


Expressando-se politicamente como ditadura terrorista do Grande Capital, apostado na intensificação da exploração dos trabalhadores e das outras classes antimonopolistas e dos povos submetidos ao jugo colonial e imperialista, o fascismo não respeita as próprias leis por si elaboradas nem os tribunais por si criados.
O Fascismo não tem Palavra e muito menos Honra.
A Censura imposta a autocensura promovida e o comentário mercenário, não são mais do que expressões da mentira sistemática que propala no seu propósito de destruição do caracter e da dignidade de quem o ouve e da vida de quem o enfrenta.


O Fascismo nasce da dinâmica exploradora e opressora do grande capital no processo de concentração e centralização do poder que lhe é intrínseco e sobrevive e amplia a sua força à medida que a fúria concentracionária e centralizadora do grande Capital se intensifica.


Cândido de Oliveira, figura destacada do Desporto Nacional, conhecido, entre outras coisas, por ter sido Diretor do Jornal Desportivo “A Bola”, ele próprio resistente antifascista e Tarrafalista, escreveu que em fins de 1943, entre a população do Campo, onde então estava preso, cerca de 50% estavam em prisão preventiva, sem julgamento e muitos deles sem culpa formada.


Dos outros 50% a maioria há muito já tinha cumprido as penas a que haviam sido condenados. E dá como exemplos, de entre muitos outros, Manuel Alpedrinha, condenado a 2 anos esteve lá preso 12 anos e meio; Alfredo Caldeira, morreu no Tarrafal 4 anos depois de ter expirado a sua pena.


Tendo lembrado o jornalista Resistente, não podia deixar de hoje, justamente hoje, saudar o AVANTE! Jornal Porta-Voz e Organizador da Resistência antifascista por excelência que, em plena clandestinidade, iniciou a sua publicação ininterrupta exatamente a 15 de Fevereiro de 1931.


Em 2024, uma delegação da União de Resistentes Antifascista Portugueses esteve em Cabo Verde e visitou aquilo que foram as instalações do Campo de Concentração do Tarrafal e o Cemitério que lhe está próximo.


Com as autoridades Cabo Verdeanas com que contactou assumiu o compromisso de tudo fazer para, em homenagem aos resistentes e lutadores antifascistas e anticolonialistas, assinalarmos condignamente a 29 de outubro de 2026, os 90 anos de abertura do Campo.


Para Denúncia da brutalidade do Fascismo e do Colonialismo, seja qualquer for a face e disfarce com que se apresente; para Exaltação da Capacidade de Resistência e Luta por mais difíceis que sejam as circunstâncias em que o combate se trava.


Quando perante a ofensiva do Grande Capital e das forças políticas belicistas e fascistas que promove, consideramos que é difícil a luta dos trabalhadores e dos povos para o enfrentar e derrotar, inspiremo-nos nos Tarrafalistas.


Isolados de tudo numa ilha isolada no meio do oceano, submetidos a maus-tratos brutais, vulneráveis às doenças, com diversas visões sobre os problemas do mundo e o caminho a seguir.


Eles tiveram de encontrar formas de entendimento e solidariedade entre si, para procurar sobreviver, para resistir aos carrascos, para obter informação do exterior e para fazer chegar aos camaradas e ao povo oprimido a sua mensagem de esperança e os ensinamentos da sua experiência de luta.


Francisco Miguel, último preso político português a sair do Tarrafal, apelava em 1978, ano em que este Memorial foi criado:
“Antifascista, democrata, homem progressista: quando pensares nos direitos da pessoa humana não esqueças o Tarrafal.
Se queres defender a Liberdade e construir e consolidar a verdadeira democracia, faz alguma coisa para que o fascismo não possa voltar mais à terra portuguesa.
O Tarrafal simboliza 48 anos de política criminosa.
Nós, povo português, não podemos permitir que este crime se repita”.


Aqui voltamos hoje e voltaremos as vezes que forem necessárias para afirmar a nossa vontade e determinação em sermos Dignos Deles e dos Dias Gloriosos de Liberdade e Democracia plena por que há que continuar a lutar e que haverá para viver.

Glória aos Tarrafalistas
Viva a Resistência Antifascista e Anticolonialista.
Vivam os Valores de Abril.
25 de Abril, Sempre!
Fascismo, Nunca Mais!

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Texto de António Borges Coelho para a inauguração do Museu Nacional da Resistência e Liberdade

Os museus guardam os objectos e as memórias que marcaram o nosso quotidiano, a nossa história e a do Mundo, prendem os olhos e os sentidos na beleza das artes, exercitam e alargam os horizontes da nossa cultura e humanidade. Mas este Museu da Resistência de Peniche é um museu singular, um museu destinado a resgatar a memória daqueles que ousaram oferecer a sua vida para resgatar a liberdade roubada durante quarenta e oito anos de repressão e obscurantismo.
Os presos chegavam de todos os lados e de todos os grupos sociais. Sepultavam-nos dentro das grossas paredes da Fortaleza que assentam sobre o mar. Ali ficavam. Os anos sucediam-se aos anos. Sem notícias, sem o alimento dos acontecimentos da vida social e familiar que ocorria lá fora, era um tempo sem sinais, um tempo quase sem memória, Os dias sucediam-se aos dias ao ritmo dos apitos e da formatura à porta das celas.
O mar bramia por baixo da fortaleza, respirava com ruído elevando pelas frinchas altos jactos de água. Era o companheiro fiel dos dias.

“Os nossos olhos são asas de gaivota
roçando a flor das águas afagando-as
em cada círculo ou rota
ou pousados balouçando
seguindo o movimento
deste mar tão brando
e logo tão violento.”

Na tarde de 20 de Maio de 1962 saiu da Fortaleza um preso com duas malas nas mãos e seis anos e meio de cárcere, os guardas e o chefe acompanharam-no até ao fim do passadiço. Uma mulher do Largo aproximou-se sem medo. -Está a sair da Fortaleza? -Sim. -Deixe-me dar-lhe um abraço.
O preso pousou as malas e abraçaram-se profundamente.
Nunca mais esqueceu aquele abraço. Hoje alarga-o a todo o povo de Peniche

António Borges Coelho

27 de Abril de 2024

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Herculana Velez URAP inauguracao mnrlIntervenção de Herculana Velez, filha do preso político Joaquim Diogo Velez, na inauguração popular no Museu Nacional da Resistência e Liberdade


Desde já quero agradecer a todos a vossa presença
Viemos à cadeia dos homens que não cometeram crimes

Fomos meninos e meninas
Não nascemos adultos, tonámo-nos adultos em tempo de ser criança.

Tinha 3- 4 anos e durante 4 anos o meu pai como funcionário do PCP e a minha mãe sua inseparável companheira e eu de tenra idade mergulhámos na clandestinidade.
Durante 4 anos não convivi com nenhuma criança, se a curiosidade infantil me impelisse a assomar a uma janela poderia denunciar algum sinal que comprometesse a segurança clandestina da família e de outros camaradas.
Até que ambos foram presos. A minha mãe saiu ao fim de um ano o meu pai ao fim de 9.

9 anos passados em função desta cadeia, ora a caminhar a fim de visitar o meu pai, ora assistindo às lutas travadas na entrada desta fortaleza pelas companheiras e mães principalmente mas também outros familiares exigindo direitos como p. ex. saber porque determinado preso umas vezes, outras o grupo todo não tinham direito a visitas etc, etc.

Peço-vos que ao olharem para mim não me vejam como uma mulher com 70 anos, vejam uma menina com 7, 8, 10, 15 anos ali na entrada daquele portão nos mais rigorosos invernos ou nos mais tórridos verões.

O frio, o vento, a chuva, nós crianças apenas amparados pelas muralhas que eram as mães ainda assim não suficientes para que não enregelássemos. Lá em baixo o mar furioso batia nas rochas daquela pequena praia com tanta força que as ondas se misturavam com a chuva e nós à espera que portão abrisse. Se o horário da visita estava marcado para as 14 horas , quanto pior estivesse o tempo mais a entrada se atrasava, 15, 20, 30 minutos ou sem mais nem menos e sem explicação a visita era cancelada.


Se eu tinha medo?
Sim sentia medo mas não o demostrava, nem o medo nem as lágrimas que são reacção natural numa criança, a menina adulta que eu era sabia que esses sinais podiam ser aproveitados pelos Pides ou os guardas da cadeia e usados junto do meu pai para o vergar para o fazer vacilar e desmoralizar que perante o conhecimento do sofrimento da filha ao ver o pai preso pudessem dizer-lhe: não tem vergonha de submeter a sua filha a tal sofrimento?


Nunca chorei nunca demonstrei medo nunca falei, eu não falava nem para dizer o nome!


Eu tinha consciência que o que me trazia a esta cadeia não era a mão da minha mãe eu sabia o motivo da prisão do meu pai porque estava encarcerado sabia que o crime pelo qual foi condenado foi o de lutar para que a filha e todos os filhos do povo português tivesse acesso aos mais elementares direitas como a educação a saúde a alimentação. Os criminosos eram aqueles que o tinham prendido.


O que me trazia a esta cadeia era o regime fascista era o governo da ditadura era a falta de liberdade, a ditadura que alimentava a miséria e a ignorância. E a quem se lhe opunha torturava, prendia e matava

Se esta menina ficou marcada pela vida clandestina, pelos sacrifícios e a luta dos pais resistentes antifascistas, sem dúvida!

Esta menina que não brincou o seu mundo era à dimensão de 4 paredes a existência de outros meninos só conhecida pelas vidraças fechadas da janela e sobretudo a ausência de ambos os pais marcaram no mais profundo do meu ser a solidão e o silêncio que nenhuma criança deveria conhecer.

Estou hoje aqui mas algumas crianças não poderam aqui chegar, como eu viveram o mesmo terror mas por diversas razões ficaram pelo caminho, meninos e meninas quer pela fome ou falta de assistência médica pereceram, ficando nas nossas memórias presto-lhe a minha mais sentida homenagem.
A todos os homens e mulheres que abnegadamente corajosamente se entregaram à luta contra o fascismo pagando com longos anos de prisão deixo o mais profundo agradecimento louvando as suas vidas e o seu legado.

Quero deixar aqui também o meu agradecimento e homenagear o povo de Peniche que vencendo o medo e ameaças da Pide prestou auxílio e uma enorme solidariedade para com as famílias dos presos políticos em condições económicas mais desfavorecidas abrindo as portas das suas casas para que nelas pernoitássemos.

Eu e a minha mãe ficamos em algumas dessas casas.
Arrepia saber que houve vozes a quererem que este local se transformasse num hotel de luxo, como seria repousar sobre os gritos dos resistentes antifascistas aqui torturados?

Por isso quero agradecer a todos os que se levantaram, manifestaram e trabalharam para que esta fortaleza pudesse ser hoje o testemunho vivo das marcas do fascismo através de todas as histórias aqui contadas, exposições, testemunhos, possam servir à nossa e às futuras gerações de guião para que nunca mais homem nenhum possa ser privado da sua liberdade, torturado ou assassinado por delito de opinião que os mais de 2 mil homens cujos nomes estão aqui gravados sirvam de exemplo a todos nós e nos alertem para que as várias direitas que aí surgem, os herdeiros do fascismo saudosos do passado voltem a matar a liberdade.

Fascismo nunca mais!!

 

27 de Abril de 2024

 

 

 

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Jose Pedro Soares URAP inauguracao MNRLIntervenção de José Pedro Soares, coordenador da URAP, na inauguração popular no Museu Nacional da Resistência e Liberdade

Estimados amigos, companheiros, camaradas ex-presos políticos, companheiras, filhos, netos e outros familiares, amigos, democratas e antifascistas que hoje aqui vieram à Fortaleza de Peniche para participar neste ato popular de inauguração do Museu Nacional Resistência e Liberdade (MNRL).


Bem-vindos. Hoje é um dia, para erguermos de novo, os nossos cravos de abril.

Quando não se desiste e, se luta por causas justas como esta, pode demorar tempo, mas a força da razão e da luta acabam por vencer.
Assim aconteceu na Fortaleza de Peniche, com a transformação de uma das mais sinistras cadeias do fascismo, neste moderno Museu Nacional Resistência e Liberdade.


O Museu que hoje e no futuro continuará a representar a tenacidade e a luta contra o medo, a opressão e o arbítrio. Um local de memória e grande símbolo da resistência antifascista dos portugueses.
Há precisamente 50 anos, nas primeiras horas do dia 27 de abril de 1974, vencidas as resistências de Spínola que não queria a libertação de todos os presos políticos, em Peniche tal como em Caxias, a vontade do povo foi mais forte, as portas destas cadeias finalmente abriram-se para, entre aplausos e vivas à liberdade e ao 25 de Abril, saudar a libertação dos presos políticos do fascismo.


Foram inesquecíveis esses dias 25, 26 e 27 de abril. Quando os jovens militares do MFA - Movimento das Forças Armadas e o povo se mobilizavam para avançar com a mais bonita e a mais avançada das Revoluções que Portugal conheceu.
Aqui em Peniche, a multidão foi enchendo todo o espaço frente à Fortaleza e ali permaneceu sem arredar pé, para receber os que aqui dentro, aguardando a sua libertação, afirmavam para que dúvidas não houvesse, ou “saem todos, ou nenhum”.


No Memorial, erguido à entrada, estão gravados os mais de 2500 nomes de antifascistas que por aqui passaram nesses anos terríveis de repressão e maus tratos, alguns camaradas muitos anos das suas vidas.


Lutaram e sonharam com o fim do fascismo, o derrube do regime opressor e o momento em que terminariam as prisões políticas e se alcançaria a liberdade.
Finalmente esse dia chegou e os que aqui estavam atrás das grades foram recebidos pela multidão no seguimento da iniciativa militar e popular vitoriosa no 25 de Abril de 1974.


Os aplausos, vivas à liberdade com que fomos recebidos há 50 anos, foram certamente também para eles, os milhares de camaradas que anos e anos, meses, dias e noites infindáveis que aqui passaram, não desistiram e por essa sua coragem e exemplo se tornaram os elos mais fortes e coerentes que ligaram gerações sucessivas de antifascistas.


Não temos receio em evocar e tornar grande aquilo que na verdade foi maior, mais justo, mais esperado, a liberdade desses dias que nos arrastou para momentos inesquecíveis, dias que o tempo deixou gravado e que hoje aqui, e no futuro, outros continuarão a celebrar porque foi também para o futuro que abril foi realizado.
E não podemos esquecer. Quando o largo frente à Fortaleza se encheu para nos receber, logo se afirmava, que “este local tem que no futuro ser transformado num grande Museu da Resistência”.


Passados 50 anos, aqui estamos, para celebrar a concretização desse apelo, a concretização do direito à memória, para evocar a resistência à opressão, à luta contra a guerra e o colonialismo, pela democracia, pela liberdade, por um mundo mais justo e liberto da exploração, porque foi esse o combate, foram essas as causas porque se bateram os que, entre 1934 e 1974, aqui estiveram encarcerados.


Acontece que já em setembro de 1976, o Governo de então, tinha decidido a criação do Museu da Resistência na Fortaleza de Peniche, embora se tivesse ficado apenas pelo anúncio e nada mais foi feito para a sua concretização.


Passaram-se anos e certa altura, a URAP, e a Câmara Municipal de Peniche, criaram condições para haver espaços visitáveis na Fortaleza.
Iniciou-se também o levantamento dos presos num trabalho realizado pela URAP nos arquivos da Torre do Tombo no seguimento do qual foi sugerido a criação de um Memorial com o nome de todos presos bem a colocação de peça escultórica para os homenagear.


Assim nasceu e foi erguida a obra do escultor de José Aurélio com uma simbologia muito simples, a confrontação do aço com o espelho de água, da luta e da resistência ao regime repressivo, a ânsia da vida e da Liberdade, a que se juntou a expressão de Professor Borges Coelho «Disseram não.. para que a água da vida corresse limpa»


O tempo corria e em setembro de 2016 tudo se precipitava, quando fomos surpreendidos pela comunicação social que o Governo tencionava incluir a Fortaleza de Peniche na lista dos monumentos a concessionar a privados para fins hoteleiros.


Este anúncio foi um choque para os ex-presos políticos, as famílias, os democratas e antifascistas.


Desde logo se desenvolveu o largo movimento de opinião democrática que de imediato contestou essa intenção do Governo dirigindo-se à Assembleia da República com uma petição que recolheu em poucos dias mais de dez mil assinaturas, exigindo uma posição clara desse órgão representativo da democracia, ao mesmo que um conjunto de ex-presos políticos se dirigiam ao Governo exigindo que recuasse nessa sua injusta e descabida intenção.


Foi esse largo movimento de opinião democrática que se manteve nestes anos mobilizado, que venceu dúvidas, impasses, incertezas e fez com que se avançasse e que hoje, aqui nos juntemos, mas desta vez já para celebrar esta vitória do povo, da unidade e da memória.


Por todo este nosso envolvimento, fomos chamados a participar e ajudar a elaborar a proposta e do objeto do que se pretendia. Entretanto avançaram obras, projetos, concursos e em abril de 2017 o Governo aqui reunido decidiu, com base nessas propostas, a criação do Museu Nacional Resistência e Liberdade.

Por isso, é também hoje o dia e o momento para felicitar, todas e todos, os que sonharam, propuseram e não deixaram que a memória do local fosse alterada, esquecida, branqueado o fascismo e os seus crimes.


Lembrar ainda os que nestes seis anos trabalharam nos projetos, nas obras, nas decisões, nos estudos, na elaboração de conteúdos para se erguer o Museu.
Lembramos a Dra. Paula Silva, da Direção Geral do Património Cultural, sua Diretora aquando foi tomada a decisão, o Arquiteto João Barros Matos que concebeu o projeto e o plano das obras do Museu, a Dra. Teresa Albino, técnica superior que acompanhou o processo desde a primeira hora e a Dra. Aida Rechena, Diretora do Museu, cujo empenho, determinação e competência todos lhe reconhecem


Não podendo enumerar todos os que contribuíram para o notável empreendimento, queremos, entretanto, deixar público agradecimento, ao camarada Domingos Abrantes e ao Professor Fernando Rosas, para ambos, o mais elevado apreço pela relevante contribuição no estudo e elaboração de conteúdos para a instalação do Museu Nacional Resistência e Liberdade


Hoje, esta inauguração, representa assim uma importante vitória dos antifascistas portugueses, do povo, e da memória e para continuarmos afirmar:
25 de Abril sempre,
Fascismo nunca mais!

 

27 de Abril de 2024

 

 

 

 

 

 

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