Integrado no ciclo “Ouvir os Livros”, do Clube de Leitura do Estoril, a URAP apresentou o livro “Elas Estiveram nas Prisões do Fascismo”, dia 12 de Fevereiro, no Centro Cultural de Cascais, onde se realizou igualmente um concerto do Coro Lopes Graça.
Marília Villaverde Cabral, vice-presidente da Assembleia Geral da URAP, falou perante uma assistência de cerca de 100 pessoas, fazendo notar que “Elas Estiveram nas Prisões do Fascismo”, que está na sua terceira edição, é um livro que se insere na colecção “Páginas da Memória”, sobre os presos e as prisões no regime fascista.
Depois de afirmar que “Elas estiveram nas Prisões do Fascismo” é um livro dedicado “a todas as mulheres portuguesas que, em tempos de medo, silêncio e opressão contribuíram com palavras e actos de resistência para a construção do caminho solidário para a liberdade e a democracia”, Marília Villaverde Cabral deteve-se na sugestiva capa da obra que, segundo disse, “chama logo a atenção para o horror a que as mulheres presas estavam sujeitas: Albina Fernandes agarrada ao seu filho Rui, na cadeia, com medo que lho roubassem”.
“Este livro trata, não só do enquadramento político, social, ideológico e cultural da ditadura fascista, mas igualmente da participação de mulheres em numerosas lutas no plano social, nos combates no plano político de formas semilegais ou na clandestinidade, numa sociedade dominada por valores conservadores e patriarcais”, afirmou a oradora, que em seguida apresentou os vários capítulos da obra.
Destacou ainda a lista das 1.755 mulheres presas, que o livro contém, com os nomes, profissões, concelho de naturalidade e residência, e as 10 cartas, que saíram clandestinamente do Forte de Caxias, que 13 presas escreveram a organizações femininas do mundo inteiro, apelando à solidariedade internacional.
A sessão iniciou-se com um muito aplaudido concerto do Coro Lopes Graça, dirigido pelo maestro Alexandre Branco, que introduziu as canções apresentadas. No programa constavam canções populares de tradição rural, de trabalho e heróicas da autoria de Sophia de Mello Breyner, José Gomes Ferreira, Armindo Rodrigues, entre outros.
Maria Manuel Calvet, da comissão organizadora, abriu a sessão, que terminou com um diálogo da assistência com Marília Villaverde Cabral sobre a história da URAP, herdeira da Comissão de Socorro aos presos políticos, o papel desta na luta contra o branqueamento do fascismo, a ida às escolas, os livros, as sessões por todo o país.
No final, apelou-se à consolidação do Núcleo de Cascais da URAP e à presença na Concentração pela Paz, marcada para dia 16 de Fevereiro.