A secção portuguesa do Movimento Internacional para uma Nova Museologia (MINOM), que desde 2013 tem um grupo de trabalho para acompanhar a utilização futura do Forte de Peniche, defendeu, junto da URAP, a "instalação naquele espaço de um Museu Sítio, versando em particular a memória da resistência antifascista".
Em comunicado, datado de 8 de Fevereiro passado, o MINOM propõe que o futuro museu fique integrado na Rede de Sítios de Consciência (movimento mundial) e a abertura de um concurso internacional de ideias visando apurar a melhor proposta de intervenção no espaço da Fortaleza de Peniche.
Enquanto se opõe terminantemente à instalação de uma qualquer unidade hoteleira no local - "a Fortaleza de Peniche é um símbolo maior da memória colectiva do povo português, na resistência à ditadura e na luta pela liberdade, onde mais de 2 mil resistentes estiveram encarcerados longos e penosos anos e se registaram fugas heróicas e espectaculares para a liberdade" – o movimento é favorável à "criação de uma comissão que envolva várias entidades".
Depois de reconhecer o trabalho desenvolvido pelo município em torno do estudo da memória histórica associada à prisão política, o MINOM sublinha que a Fortaleza e as suas memórias ultrapassam a esfera local e têm uma dimensão nacional e internacional.
"Não excluímos, contudo, a possibilidade da instalação de outras valências que se coadunam com a
dignidade de um sitio de memórias de grande importância histórica, como equipamentos de
restauração e as mais variadas manifestações artísticas que evoquem essas memórias, envolvendo artistas, as populações locais e as escolas", afirmam.
"Um projecto de museu desta importância deve ser debatido e participado intensamente pelas populações, associações locais, autarcas, detentores de memórias, museólogos, arquitectos, técnicos do património, políticos, etc", diz o documento, acrescentando que "deverá integrar redes internacionais de organizações promotoras dos direitos humanos e constituir-se como um espaço de activação da memória da repressão bem como do seu
contexto, visando a aplicação dos ensinamentos do passado às lutas de hoje pelos direitos humanos, pela justiça social e pela liberdade, mobilizando pessoas das várias gerações, com diversas experiências e opiniões".