Margarida Tengarrinha, resistente antifascista, artista, escritora, professora, ex-deputada à Assembleia da República Portuguesa, militante e dirigente do Partido Comunista Português morreu dia 26 de Outubro no Hospital de Faro, no Algarve, aos 95 anos.
O corpo de Margarida Tengarrinha estará em câmara ardente na Casa Mortuária da Igreja do Colégio em Portimão, na terça-feira, dia 31 de Outubro, a partir das 9:30, saindo às 12:30 para o crematório de Albufeira.
Nascida em Portimão, a 7 de Maio de 1928, Maria Margarida Carmo Tengarrinha iniciou a sua militância política em 1948, no MUD Juvenil, na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (ESBAL).
Já em 1952, foi expulsa da ESBAL, proibida de frequentar todas as faculdades do país e impedida de leccionar na Escola Preparatória Paula Vicente, onde era professora, devido à sua actividade na luta pela paz, pelo desarmamento atómico e contra a reunião ministerial da NATO em Lisboa.
No mesmo ano, tornou-se militante do PCP e, em finais de 1954, passou à clandestinidade com o seu companheiro José Dias Coelho, assassinado em 1961 pela PIDE.
Margarida Tengarrinha e José Dias Coelho criaram, em 1955, uma “oficina” de produção de documentos de identificação e outros necessários à intervenção clandestina do Partido. Experiência que relata no livro autobiográfico “Memórias de uma falsificadora: a luta na clandestinidade pela liberdade em Portugal”, de 2018.
Participou no Congresso Mundial de Mulheres realizado em Copenhaga, em 1953, e, em 1963, em Moscovo.
Entre 1962 e 1968 viveu em Moscovo, onde trabalhou com Álvaro Cunhal; mais tarde na Roménia, onde foi redactora da Rádio Portugal Livre; regressando em 1968 a Portugal como clandestina. Trabalhou, então, na redacção dos jornais “Avante!” e “A Terra”. Elaborou igualmente um jornal interno, “A voz das Camaradas”, destinado às mulheres funcionárias do Partido.
Membro do Comité Central do PCP desde Maio de 1974 até 1988. Após o 25 de Abril de 1974 foi membro da Direcção da Organização Regional de Lisboa, integrou a Comissão para o Trabalho com os Pequenos e Médios Agricultores e a Comissão para a Reforma Agrária. Desde 1986 a viver em Portimão, fez parte da Direcção da Organização Regional do Algarve do PCP.
Foi deputada à Assembleia da República nas III e IV legislaturas, entre 1979 e 1983.
Integrava actualmente a Presidência do Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) e participou em iniciativas conjuntas com a URAP.
Margarida Tengarrinha, que tem uma vasta obra de artes plásticas, nomeadamente de pintura, publicou ainda livros sobre pintura e cultura popular. Foi mais recentemente professora na Universidade Sénior de Portimão, onde leccionava História de Artes.
A URAP curva-se perante esta mulher com uma vida dedicada a luta contra o fascismo e à construção da democracia, e envia à família, especialmente às suas filhas, Teresa e Margarida, os seus mais sentidos pêsames.