História > Antifascistas
Crónica do D. Arnaldo Mesquita*
No centenário de nascimento de RUY LUIS GOMES, insigne democrata
Início o escrito de hoje, 26/11/2005, ainda sob a influência das palavras que ouvi (e pronunciei, na parte final) da homenagem hoje prestada ao Prof. Ruy Luís Gomes pelo Sindicato dos Professores do Norte e pela Universidade Popular do Porto, num seminário por ambos promovido, subordinado ao tema "O Homem, o Pensamento, a Acção".
A sala do auditório do Sindicato estava cheia mas nela defendi, não obstante, que a figura do homenageado impunha justamente que a homenagem deveria ser nacional.
Na verdade, a craveira de Ruy Luís Gomes ultrapassa de longe a do Professor (Universitário) que ele sem dúvida sempre foi, com fulgor e brilho, mesmo quando perseguido infamemente pelo fascismo.
Para mim e para todos aqueles que o conheceram, Ruy Luís Gomes foi acima de tudo um destacado Patriota e Humanista, Resistente antifascista que como tal lutou abnegadamente enquanto lhe foi possível contra o Salazar e Caetano, pela conquista das Liberdades Democráticas, fundamentais; e pela melhoria das condições de vida tão necessárias ao Povo Português; só se conformando com o exílio quando tal luta para ele não foi mais imediatamente possível no território pátrio, embora continuando-a sempre, na Argentina e no Brasil até ao 25 de Abril.
E prolongando-a, depois dele, incansavelmente, de novo no interior de Portugal, quer como reitor da Universidade do Porto quer no próprio plano político mais geral, pela Paz e pelo Progresso.
No seminário já referido, em que acabei por intervir (não contava fazê-lo), dei público testemunho dos meus contactos com Ruy Luís Gomes sobretudo (mas não só) no Tribunal Plenário do Porto, em que com outros democratas foi julgado em 1955/1956 (acusados do crime de traição à Pátria, ele como Presidente da Comissão Central do Movimento Nacional Democrático, por terem todos produzido e publicado um documento notável de denúncia da condições ignóbeis da exploração das populações indígenas nos territórios coloniais portugueses desses tempos, o que tudo lhe valeu longos meses e meses de prisão, até que os "juízes" recuaram algum tanto e finalmente os restituíram à Liberdade mercê da pressão nacional e internacional.
Mas a acção de Ruy Luís Gomes e do Movimento Nacional Democrático - Movimento das forças de esquerda dos anos 50 - não se limitou a isso, como é bom de ver.
Já antes Ruy Luís Gomes e os seus companheiros haviam sido presos, julgados (e condenados) no Tribunal Plenário de Lisboa acusados de serem os autores de um outro documento notável contra a política de Salazar e do imperialismo (que afinal Sócrates no essencial ainda hoje prossegue no Afeganistão) intitulado Pacto de Paz, Sim, Pacto do Atlântico. Não, a que me referi na crónica anterior.
Aliás mais poderia citar-se e até foi citado.
Ruy Luís Gomes é pois uma figura excepcional de Democrata e Antifascista, e de lutador pela Paz (de cujo Conselho Mundial de resto também foi membro igualmente eminente e destacado).
Homenageá-lo à escala nacional, e nestes tempos conturbados de avanço da direita, é pois um justo imperativo de todos nós.
E votar contra Cavaco Silva, idem; como sem dúvida ele aconselharia hoje, para defender o que ainda resta de Abril, apesar das actuais aberrações políticas de José Sócrates e do seu Governo ao serviço do grande Capital.
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*publicada no semanário Terras Vale do Sousa - Lousada