O 18 de Janeiro de 1934 é uma data que não pode ser esquecida na luta pela democracia. O movimento sindical promoveu uma jornada nacional contra a lei de criação dos sindicatos fascistas, que assume carácter insurreccional na Marinha Grande.
A insurreição falha, mas na Marinha Grande os operários vidreiros tomam o poder. Apenas por algumas horas, é certo, pois a repressão esmagaria a revolta.
Em Almada, Barreiro, Silves ou Sines os trabalhadores entraram em greve, em Lisboa rebenta uma bomba no Poço do Bispo, é cortado o caminho de ferro em Xabregas e na Póvoa de Santa Iria dá-se um aparatoso descarrilamento. Em Coimbra explode uma bomba na central eléctrica. Em Leiria as comunicações são cortadas. Assinalam-se ainda explosões na via férrea de Martingança, sabotagens em Tunes ou a obstrução da estrada entre Vila Boim e Terrugem.
Na Marinha Grande os acontecimentos atingem maiores proporções. Grupos de operários ocuparam o posto da GNR, o edifício da Câmara Municipal e os CTT e regista-se o atentado contra a residência de um industrial. É proclamado o efémero “soviete da Marinha Grande”.
Uma forte vaga de prisões e deportações de dirigentes comunistas e anarco-sindicalistas, vários participantes no 18 de Janeiro morreriam, mais tarde, no Tarrafal: Pedro Matos Filipe, Augusto Costa, Arnaldo Simões Januário, Casimiro Ferreira, Ernesto José Ribeiro, Joaquim Montes, Mário Castelhano, Bento Gonçalves, Manuel Augusto da Costa e António Guerra.
Com o assassinato de Bento Gonçalves e Mário Castelhano eram decapitadas as lideranças das duas correntes dominantes no movimento operário que haviam estado na realização do 18 de Janeiro: anarco-sindicalistas e comunistas, mas o seu exemplo de coragem continuaria a inspirar o operariado português.