O Museu Nacional Resistência e Liberdade, em Peniche, conta agora com diverso material tal como tairocas feitas pelos presos do Tarrafal, para se protegerem da terra escaldante do campo de concentração em Cabo Verde; uma caixa de madeira para guardar tabaco em folhas, para ser enrolado em papel para tabaco; crachás da PVDE; fotos; depoimentos de presos; chapas para impressão de documentos da Comissão de Socorro aos Presos Políticos.
Este material, pertencente à União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP), foi entregue em depósito, dia 11 de Maio, em Peniche, por Marília Villaverde Cabral à coordenadora do Museu Nacional Resistência e Liberdade, Teresa Pacheco Albino.
Parte integrante do espólio da URAP, estes objectos pertenciam à Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos, de que a URAP é herdeira, e incluem ofertas de ex-presos políticos das várias cadeias do país e do Tarrafal.
A cerimónia decorreu no âmbito do Protocolo de Cooperação entre o Museu Nacional Resistência e Liberdade e a União de Resistentes Antifascistas Portugueses, assinado a 16 de Julho de 2020.
Um par de Tairocas de Virgílio Martins, preso político no Tarrafal desde 17-10-1936. Pela sus discrição esteve «11 anos e 22 dias encarcerado pelo fascismo português»
Materiais: madeira, couro, bocados de pneu na sola.
Dimensões: 27,00 cm comprimento; 9,00 cm altura no peito do pé; Salto: 3,00 cm.
Descrição escrita na tairoca do pé esquerdo por Virgílio Martins: «Feitas pelos forçados, para se defenderem da terra escaldante que lhe queimava os pés, com madeira que vinha da Guiné, para queimar na cozinha»
Descrição escrita na tairoca do pé direito: « "Tairocas" Tarrafal = a "Campo da Morte Lenta". Assinado: Virgílio Martins.
Caixa de enrolar tabaco pertença de João Rodrigues da Silva (João da Varina), preso político com várias prisões em Monsanto, Guiné, Aljube e Tarrafal, desde (?) até 02-02-1946.
Material: Madeira entalhada e envernizada, com elevador interior e ranhuras próprias para enrolar cigarros.
Dimensões: comprim. 16,00; largura 10,50 cm ; altura fechada 9,50 cm; altura aberta 15,00 cm.
Livro de entrada e saída de presos no Posto Médico do Tarrafal.
Data de início: 23.Novembro.1938; Data de fim: 18.Setembro.1941. Livro encardernado de páginas numeradas de 1 a 51. Dimensões: fechado – 22,5 cm x 17,5 cm ; aberto – 45,5 cm x 17,5 cm. Contem 1156 registos de entradas e saídas no posto médico. Rubricado pelo médico Esmeraldo Prata.
Crachá identificativo da PVDE – Polícia de Vigilância e Defesa do Estado.
Material: metal de cor estanho com escudo da República colorido circundado a azul cobalto com as insignias: « RP Polícia de Vigilância».
Forma redonda, com pequeno cofre na parte posterior onde consta a identificação do agente: «Gomes. Nº 175/403». Contém impressão digital do agente, altura, cor do olhos, cor do cabelo, cor da pele.
Dimensões: fechado 5,00 cm; com cobre aberto 7,00 cm; com identificação aberta 9,50 cm.