A URAP, enquanto membro Federação Internacional de Resistentes (FIR), participou, dias 4 e 5 de Julho, em Belgrado, capital da República da Sérvia, no início das comemorações da proclamação do levantamento popular e da resistência contra a invasão nazi.
A delegação da URAP, composta pelo coordenador, José Pedro Soares, e Francisco Canelas, da direcção, interveio na conferência de dia 5 de Julho, expressando aos representantes dos resistentes e veteranos da Sérvia e dos restantes países dos Balcãs a admiração pelos exemplos de valentia e coragem dos seus povos na luta contra a ocupação, contra o fascismo e a opressão, e agora no combate aos novos fenómenos de intolerância, racismo, injustiças, pressões, populismos de direita, neofascismos e intromissões externas.
Relembrou ainda que, embora os exércitos de Hitler não tenham chegado ao limite da ocupação do nosso país, como nos outros citados, existia já na ocasião em Portugal uma feroz ditadura que prendia, torturava, semeava o medo e terror e mantinha guerras coloniais nas quais milhares de jovens morreram.
Falou sobre o significado da Revolução do 25 de Abril de 1974 para o povo português e para os povos das antigas colónias, prestando ainda informação detalhada sobre a actividade que desenvolve centralmente e através dos seus núcleos, as conferências e encontros com jovens e professores nas escolas, no grande movimento pela transformação das antigas cadeias do fascismo em Museus da Liberdade e Resistência, das tomadas de posição, da edição de um Boletim, e de publicações online, da edição de livros com a divulgação dos nomes de mulheres e homens que passaram pelas prisões do fascismo.
Nas cerimónias do 80.º aniversário do início da luta pela libertação da ocupação fascista participaram delegações de resistentes antifascistas dos restantes países Balcânicos, Croácia, Kosovo, Eslovénia, Macedónia, Macedónia do Norte, Bósnia e Herzegovina e Montenegro, países que integraram a antiga República Federação Socialista da Jugoslávia.
A par destas cerimónias, os sérvios assinalam também o 25.º aniversário do que chamam “Dia da Memória” das vítimas e do heroísmo do exército e do povo contra os agressores da NATO em 1999. Durante 11 semanas, lançaram ataques e bombardeamentos aéreos, destruindo infra-estruturas, escolas, monumentos e matando muitos cidadãos sérvios sob a acusação da suposta catástrofe humanitária no Kosovo e Metohija. O conflito terminou a 10 de Junho desse ano com a adopção da Resolução do Conselho de Segurança da ONU. Desde 5 de Junho de 2006, que a República da Sérvia se tornou num estado independente.
As comemorações começaram num grande parque da cidade, muito próximo do memorial e Museu da Jugoslávia, onde repousam os restos mortais do Marechal Tito e da casa onde em 1941 foi feita a proclamação do início da revolta e levantamento armado contra a ocupação nazi fascista.
Entre a multidão, dezenas de veteranos, militares e civis, homens e mulheres ocupavam as primeiras filas, os quais mais tarde receberiam galardões. Um grupo de militares erguendo estandartes permaneceu em guarda de honra enquanto uma banda militar executava o hino, tanto o actual como Jugoslavo, seguindo-se uma intervenção da primeira-ministra, Ana Brnabic.
O dia terminaria com uma cerimónia no Teatro Nacional de Belgrado, transmitida em directo pela televisão Sérvia, onde falaram o presidente da associação dos antifascistas veteranos de guerra (SUBNOR), Vidosav Kovacevic, e a primeira-ministra.
A Sérvia, e toda aquela região dos Balcãs, foi sempre local de disputas, ocupações provocações e guerras. Situação que começa a deixar claro para todos aqueles povos e países que é chegada a altura, de conversarem, reconhecerem o que de muito positivo fizeram juntos, de reiniciarem um processo de cooperação entre governos e povos para em conjunto combaterem o que continuam a ser as intromissões externas, provocações, extremismos, nacionalismos exacerbados e desajustados, reforçando paz, a cooperação, a democracia e não omitir ou desprezar as lições desse já longo caminho.
Esse foi o sentimento expresso pelos antifascistas representantes dos diferentes países da região, que anunciaram na conferência, realizada a 5 de Julho, pela FIR, que apesar das limitações impostas pela pandemia, serviu o propósito de organizar nos seus países iniciativas idênticas para celebrar o levantamento popular e a luta travada contra a barbárie nazi fascista.