O núcleo do Porto da URAP recordou, dia 14 de Abril, os 50 anos da Grande Manifestação contra a carestia de vida de 15 de Abril de 1972, que reuniu na Praça da Liberdade/Avenida dos Aliados, no Porto, mais de 40 mil manifestantes.
Cerca de uma centena de pessoas estiveram, à mesma hora e no mesmo local, numa concentração de evocação dessa luta, que então abalou fortemente o regime fascista, e dos milhares de manifestantes que, enfrentando corajosamente a brutal repressão fascista, deram corpo ao combate contra a carestia de vida, pelo aumento geral dos salários, pelo fim da guerra colonial e por liberdades e garantias democráticas.
A manifestação de 1972 teve a participação maciça de jovens, que demonstraram grande coragem e capacidade de luta por condições de vida dignas, pela liberdade e pela paz, contributo inestimável para a acção libertadora do 25 de Abril, ocorrida dois anos depois.
Foram vários os depoimentos de quem viveu por dentro e participou na organização da Grande Manifestação. Falaram Teresa Lopes, do Conselho Directivo da URAP, Domingos Oliveira, Laura Valente, João Avelino, Faustina Barradas (então funcionária do PCP, na clandestinidade) e Priscila Valadão, membro do Movimento “Sempre os Mesmos a Pagar”.
Meio século depois, os portugueses - apesar de viverem em democracia e terem uma Constituição da República que inscreve os seus direitos ao trabalho, a salários dignos, à saúde, à segurança social e à educação - confrontam-se com muitos dos graves problemas de então, com o aumento brutal do custo de vida, os baixos salários e pensões, o recrudescimento de forças fascizantes e uma situação de guerra.Para a URAP, as lutas passadas, pelo seu carácter resistente e heróico, merecem sempre ser celebradas.
Lembrar a Grande Manifestação contra a Carestia de Vida de 1972 não é apenas celebrar uma data. Mais do que uma justa homenagem aos seus participantes e construtores, esta evocação pretende servir de exemplo, de inspiração que anima as lutas do presente, mostrando que mesmo nas condições mais adversas vale a pena lutar.