A URAP promove, todos os anos, sessões, conversas, exposições nas escolas do país com o objectivo de contactar com os jovens para lhes contar o que foi o tempo do fascismo, celebrar o 25 de Abril de 1974 e a construção da democracia.
Dirigentes da URAP, sobretudo ex-presos políticos, mulheres e homens resistentes da luta antifascista, deslocam-se às escolas para, em colaboração com professores, departamentos, agrupamentos, associações de pais e de estudantes ou quaisquer outras entidades, falar com os jovens durante o mês de Abril e ao longo de todo o ano. Encontramos aqui um apanhado de algumas delas, embora possamos vir sempre a completar este nosso relato.
No contacto com os estudantes, entre muitos assuntos, damos especial ênfase à Constituição da República Portuguesa, o que significa este documento, o que assegura a todos nós, mulheres e homens - da infância à velhice - e os deveres do Estado na criação de condições para que esses direitos possam ser realizados.
Os interlocutores falam das cadeias da ditadura, da falta de liberdade de expressão e associação, da censura, das condições de trabalho, da miséria, da fome, do papel da mulher na sociedade de então. Contam o que se passou a 25 de Abril de 1974, quando o MFA derrubou o regime fascista. Dizem como se construiu depois um Portugal livre e democrático.
As sessões constituem igualmente uma oportunidade para, a partir do conhecimento do fascismo, se pensar acerca do estado da democracia hoje, dos objectivos das forças antidemocráticas e das tarefas actuais que se impõem na defesa da liberdade no presente.
No dia 20 de Abril, João Neves, da URAP, falou sobre o 25 de Abril de 1974 aos jovens estudantes da Escola 1,2,3 de Peniche.
No dia 22 de Abril, na Escola Secundária Emídio Navarro, em Almada, cerca de 100 alunos e quatro professores, de uma turma de 10º ano, duas turmas de 11º ano e uma turma de 12º ano, ouviram Carlos Mateus, da URAP, falar sobre a revolução de Abril.
A sessão realizou-se a convite da Associação de Estudantes daquela escola, e centrou-se nos mecanismos da repressão e da violência do regime fascista, e as transformações progressistas proporcionadas pela Revolução de Abril.Os estudantes manifestaram muito interesse em saber como foram vividos em Almada os acontecimentos dos primeiros dias e meses da Revolução.
No dia 22 de Abril, na Escola Mendonça Furtado, do Barreiro, o antigo preso político Xico Braga, membro do Conselho Nacional da URAP, conversou com duas turmas de jovens estudantes sobre o 25 de Abril e temas relacionados como a prisão, a liberdade e a participação cívica.
No dia 26 de Abril, os antifascistas e ex-presos políticos Domingos Abrantes e Conceição Matos foram falar do antes e depois da Revolução de Abril com os alunos da Escola Secundária da Peniche. Os oradores convidados apresentaram igualmente o livro “Elas estiveram nas prisões do fascismo”.
Nos dias 26 e 28 de Abril, decorreram duas sessões com estudantes do 9º ano (perfazendo um total de cerca de cem jovens), na Escola Básica 2, 3 Dr. António Augusto Louro, no concelho do Seixal, numa iniciativa promovida pela União de Pais do Agrupamento Dr. António Augusto Louro e acolhida pela direcção daquela Escola.
Os oradores - Armando Morais, da URAP, e ex-preso político, e Ana Pato, da direcção da URAP - caracterizaram a ditadura fascista nos seus traços gerais: censura, ausência de liberdade de expressão e de organização, pobreza, analfabetismo, centralização da riqueza, prisões, luta clandestina, lutas decorridas no período fascista e as vitórias alcançadas, entre outros.
Armando Morais partilhou igualmente a sua experiência pessoal de luta na clandestinidade, ao lado de sua companheira Mariana Morais, nomeadamente nas tipografias clandestinas.
No dia 27 de Abril, no concelho de Mafra, Eugénio da Costa Ruivo, ex-preso-político e membro da URAP, falou com centenas de estudantes que participaram em sessões na Malveira na Escola Básica e Secundária, com alunos do 2º Ciclo do EB; e na EB Secundária Professor Armando Lucena com alunos do 10º ano.
No dia 28, Eugénio da Costa Ruivo deslocou-se à escola EBS da Ericeira, onde estavam 100 estudantes, e a 29 de Abril, à escola EB Hélia Correia para dialogar com alunos do 4º Ano do 1º CE Básico, na presença de 120 alunos de seis turmas.
No dia 28 ainda, na Escola Básica e Secundária António Bento Franco da Ericeira, Luís Farinha, historiador e ex-director do Museu do Aljube Resistência e Liberdade, apresentou o caso do polaco Pinkus Israelski, um cidadão estrangeiro apátrida preso nos anos 40, que viveu na Ericeira. Esteve detido durante dez anos nas cadeias de Caxias, Peniche e no Campo de Concentração do Tarrafal. O orador relatou que a Ericeira foi um local que acolheu 3 000 refugiados, 34 dos quais estiveram presos.