O Clube de Praças da Armada (CPA) e a Associação de Praças (AP) convidaram a URAP, representada por Carlos Mateus, do Conselho Directivo, para participar, dia 10 de Setembro, na cerimónia comemorativa do 86º Aniversário da Revolta dos Marinheiros de 8 de Setembro de 1936, do Dia Nacional da Praça das Forças Armadas e do 12º aniversário da inauguração do Monumento ao Marinheiro Insubmisso.
Na cerimónia, que decorreu no Centro Cívico do Feijó, concelho de Almada, junto do Monumento ao Marinheiro Insubmisso, Carlos Cardoso, presidente do Clube de Praças da Armada, fez uma resenha dos acontecimentos que levaram à Revolta dos Marinheiros e foi lida uma saudação de José Manuel Maia, do Conselho Nacional da URAP e ex-presidente da Assembleia Municipal de Almada durante vários mandatos.
Após a revolta dos militares deportados nos Açores, em 1931, e da Revolta do Leite na Madeira, em 1934, a 8 de Setembro de 1936, um grupo de marinheiros dos navios Bartolomeu Dias, Dão e Afonso de Albuquerque, com os navios fundeados no Tejo, decidiram enfrentar a Ditadura e realizar um golpe armado contra o fascismo.
O levantamento militar deveu-se ao trabalho de agitação e mobilização do descontentamento existente entre os marinheiros, organizado pela Organização Revolucionária da Armada (ORA), visando igualmente libertar 17 camaradas do Afonso de Albuquerque, presos quando o navio regressou de Espanha, onde foi buscar portugueses ali residentes, por terem desembarcado e contactado com republicanos espanhóis que combatiam as tropas nacionalistas de Franco.
Salazar ordenou o bombardeamento contra os navios sublevados, a partir da artilharia de costa, e a perseguição dos revoltosos, tendo resultado em 12 mortos, 208 marinheiros presos, 82 condenados, quatro presos no Forte de Peniche e 44 enviados para a Fortaleza de Angra do Heroísmo. Destes, 34 integraram o contingente dos 150 primeiros presos políticos enviados para o Campo de Concentração do Tarrafal, em Outubro de 1936.
O presidente da Associação de Praças fez uma exposição sobre a actual condição dos praças das Forças Armadas, dos seus problemas e aspirações, nomeadamente no que respeita à baixa componente remuneratória e dificuldades de progressão na carreira, apelando para a necessidade de tomada de medidas para a dignificação da profissão.
Após a homenagem a um praça gravemente ferido há dois anos, com perda de ambas as pernas, num acidente em missão na República Centro Africana, realizou-se a cerimónia de deposição de flores no Monumento ao Marinheiro Insubmisso, a que se seguiu a entrega de medalhas comemorativas a sócios da AP e um Porto de Honra.