A Casa do Governador do Museu Marítimo de Sesimbra acolheu, dia 26 de Março, uma sessão pública promovida pela URAP, para apresentação dos livros “Elas estiveram nas prisões do fascismo” e “Os Presos e as Prisões em Angra do Heroísmo”.
Carlos Mateus, membro do Conselho Directivo da URAP, fez a apresentação dos dois livros que visam dar a conhecer as condições em que se desenvolveu a resistência e a luta contra a ditadura fascista, com o rol de crimes praticados contra o povo, e preservar a memória e homenagear as 1 755 mulheres presas, entre 1934 e 1974, e identificadas no primeiro livro, e os 640 homens e cinco mulheres presos em Angra do Heroísmo, entre 1933 e 1943.
Referindo-se ao livro sobre as mulheres presas, Carlos Mateus destacou a informação sobre a condição de menorização e de subordinação da mulher face ao homem durante a ditadura fascista, as organizações femininas que marcaram aquelas décadas, as muitas lutas travadas por mulheres, as fugas concretizadas e o capítulo dedicado às mães que caminharam paras as prisões.
Do livro sobre Angra do Heroísmo, evidenciou a história dos Açores como local de desterro, associado à colonização, a história dos fortes filipinos e a sua transformação em prisões do fascismo, no contexto da Guerra Civil espanhola e da II Guerra Mundial, do quotidiano dos presos políticos e da sua organização comunitária, dos castigos desumanos e das várias levas de presos, culminando o livro com a identificação dos 645 presos pela polícia política.
Naquele magnífico espaço sobranceiro ao mar, disponibilizado pela Câmara Municipal de Sesimbra, estiveram presentes cerca de 20 pessoas, entre as quais a responsável pelo Museu e da Divisão de Cultura da câmara, Andreia Conceição, que garantiu todo o apoio técnico e logístico e participou no debate que se seguiu às apresentações dos livros.
Andreia Conceição defendeu que os museus têm de ser lugares de memória vivos e dinâmicos ao serviço das populações e interagindo com elas, tal como estava a acontecer com a realização daquela sessão, desejando que outros eventos deste tipo ali possam voltar a ocorrer.
Os participantes valorizaram o papel da URAP e a importância da divulgação do que foi o fascismo, fundamentalmente junto da juventude, num contexto de ascensão de forças de extrema-direita e dos perigos que representa para a democracia, que urge combater, manifestando indignação face às notícias da próxima inauguração do Museu Salazar, em Santa Comba Dão, que seguramente constituirá um local de romagem dos saudosistas do fascismo.