Actividade > Notícias
Tarrafal, Campo da Morte Lenta: Fascismo e Colonialismo nunca mais!
A Visita Guiada de 40 antifascistas portugueses a Cabo Verde, organizada pela União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP) entre 30 de Abril e 6 de Maio, era um objectivo antigo que pôde agora ser concretizado. Começou a ser preparado muitos meses antes, garantindo-se a sua presença no espaço do antigo Campo de Concentração do Tarrafal, na Ilha de Santiago, por altura da sessão de encerramento do Simpósio Internacional sobre o Campo de Concentração do Tarrafal levado a cabo pela Fundação Amílcar Cabral, exactamente no dia 1 de Maio, 35 anos passados sobre o encerramento definitivo do Campo da Morte Lenta.
Intervenção de Aurélio Santos no Simpósio Internacional
Saudação da URAP ao Simpósio Internacional
Outras notícias
Para esse oportuno momento de reflexão foi, aliás, convidado o coordenador do Conselho Directivo da URAP, Aurélio Santos, que apresentou também uma comunicação ao referido Simpósio.
Ainda pela manhã do dia 1 de Maio, os antifascistas portugueses deslocaram-se ao cemitério da vila do Tarrafal, onde restam as lápides dos 32 heróicos antifascistas portugueses assassinados entre 1936 e 1954 pelo fascismo naquele Campo de Concentração. Aí, junto a essas lápides, foi depositada uma coroa de flores e proferida uma pequena alocução de homenagem sentida aos tarrafalistas que por lutarem nas mais difíceis condições impostas pelo regime fascista, acabaram por falecer.
Coube a David Pereira, membro do Conselho Directivo da URAP acompanhado do seu coordenador e de Encarnação Raminho e Diamantino Torres dos seus órgãos sociais, recordar justamente essa luta, desenvolvida pelos 340 presos políticos que conheceram as inumanas condições propositadamente encontradas pela ditadura fascista portuguesa para procurar derrotar a luta pela liberdade e democracia em Portugal. Ali foram evocados os mais de 2000 anos de penas de prisão políticas que esses patriotas somavam quando chegados ao Tarrafal, onde o director do Campo anunciava à chegada que todos os que para ali eram enviados se destinavam a morrer ou o médico designado para o Tarrafal afirmava estar ali presente apenas para passar certidões de óbito. Também foi recordada a juventude de muitos dos que ali foram encarcerados, assim como foi destacado esse legado de luta e resistência antifascista como válido e exemplar para as novas gerações nascidas com Abril e com as suas conquistas. Ali foram também lembrados os patriotas africanos que abnegadamente lutaram pela independência das suas pátrias face ao fascismo e colonialismo português, tal como os 236 presos políticos desses lutadores africanos que ali foram também detidos sob as ordens dos carcereiros do fascismo português. Gritou-se então que fascismo e colonialismo nunca mais!
Já durante a sessão de encerramento, o mesmo membro do Conselho Directivo apresentou a Saudação da delegação dos 40 antifascistas portugueses ao Simpósio, onde se enalteceu a luta contra o fascismo e o colonialismo que uniu os povos de Portugal, Angola, Guiné e Cabo Verde e se felicitou a Fundação Amílcar Cabral pela oportunidade da realização deste momento de reflexão e comprometimento com a preservação material de um espaço tão ilustrativo do que representou o fascismo e o colonialismo português para os povos.
Os antifascistas portugueses tiveram ainda ocasião para visitar a exposição patente nas antigas casernas relativa à existência do Campo de Concentração do Tarrafal. Nos dias seguintes, os 40 antifascistas portugueses visitaram o restante território da Ilha de Santiago, assim como a Ilha de São Vicente e a Ilha do Sal, regressando a Portugal no dia 6 de Maio.