Uma
delegação da URAP, composta pela sua coordenadora, Marília
Villaverde Cabral e pelo membro do Conselho Directivo e membro do
Comité Executivo da Federação Internacional de Resistentes -
Associação Antifascista (FIR), David Pereira, participou entre 1 e
3 de Julho no programa oficial do XVI Congresso Extraordinário da
FIR e da cerimónia comemorativa dos 60 anos desta estrutura em Viena
na Áustria. Esta reunião magna foi expressamente convocada para a
eleição do presidente do Comité Executivo da FIR, cargo vago desde
12 de Setembro de 2010 pelo falecimento de Michel Vanderborght.
Antes
mesmo do início do Congresso teve lugar uma pequena reunião
preparatória do Comité Executivo da FIR na sede da organização
austríaca de veteranos e resistência (KZ Verband)
onde se confirmou a presença no Congresso do dia 1 de Julho de 32
delegados provenientes de 25 organizações de veteranos da guerra,
resistência, sobreviventes dos campos de concentração, deportados
e perseguidos de 15 países da Europa (Albânia, Alemanha, Áustria,
Bélgica, Bulgária, Croácia, Dinamarca, Grécia, Holanda, Hungria,
Israel, Itália, Portugal e Rússia). Entretanto, nesse encontro
ultimaram-se aspectos relativos à organização e programa oficial
para o Congresso, as homenagens e as comemorações dos 60 anos da
FIR.
Em
seguida os 32 delegados e os diversos convidados iniciaram os
trabalhos do Congresso na antiga Câmara Municipal de Viena, situada
no seu centro histórico. Após a aprovação dos integrantes para a
comissão eleitoral desta reunião magna da FIR, os dois candidatos a
presidente do Comité Executivo da FIR intervieram no sentido de
fazerem a apresentação dos seus perfis e perspectivas sobre o
trabalho futuro na presidência desta estrutura. Quer Christos
Tsintzilonis (PEAEA da Grécia), quer Vilmos Hanti (MEASZ da
Hungria), ambos vice-presidentes da FIR, enalteceram a importância
do movimento da resistência antifascista no momento actual, e
afirmaram a necessidade da FIR intervir politicamente no contexto da
situação internacional actual e na esteira da tradição do
movimento da resistência dos povos ao nazi-fascismo que contribuíra
em 1951 para a própria fundação da estrutura. Seguiram-se
intervenções de diversos delegados representantes das organizações
membro da FIR que se debruçaram sobre as perspectivas que
sustentavam para o futuro do trabalho da presidência da FIR.
Após
esse período aberto a intervenções dos delegados presentes,
procedeu-se à votação secreta para presidente do Comité Executivo
da FIR, tendo sido eleito o húngaro Vilmos Hanti. Entretanto, foi
comunicada a proposta do Comité Executivo de alargamento para mais
um vice-presidente do Comité Executivo da FIR, que foi aceite por
unanimidade pelos delegados presentes e significando que este órgão
passava a juntar três vice-presidentes. Também foram propostos mais
dois membros do Comité Executivo da FIR a juntar-se aos dois membros
já eleitos desde 2010. Todos estes nomes foram aprovados
unanimemente pelos 32 delegados presentes.
A constituição do
novo Comité Executivo da FIR, composto por dez membros, é a
seguinte: presidente: Vilmos Hanti (MEASZ, Hungria); vice-presidente:
Christos Tsintzilonis (PEAEA, Grécia); vice-presidente: Piet
Schouten (AfVN-BVA, Holanda); vice-presidente: Ilija Kraijev (PKBBBC,
Rússia); secretário-geral: Ulrich Schneider (VVN-BdA, Alemanha);
tesoureiro: Heinz Siefritz (VVN-BdA, Alemanha); membro: Efim Korolev
(PKBBBC, Rússia); membro: Chavdar Stoimenov (BAU, Bulgária);
membro: Inge Ellerich (KZ Verband, Áustria); membro: David Pereira
(URAP, Portugal).
No dia 2 de Julho,
realizou-se igualmente na sala das sessões da antiga Câmara
Municipal de Viena, o acto comemorativo dos 60 anos da FIR
(1951-2011). Estiveram presentes os delegados e convidados do
Congresso do dia anterior, e vários resistentes e veteranos da
vitória sobre o nazi-fascismo, tal como vários activistas das
organizações membro da FIR, envolvidos no trabalho presente das
suas organizações. Na mesa da sessão esteve presente David
Pereira, membro do Conselho Directivo da URAP e do Comité Executivo
da FIR, acompanhando o secretário-geral e o novo presidente da FIR.
A homenagem foi iniciada com um momento musical, a que se seguiu a
homenagem aos camaradas falecidos no último ano, pontificando nas
suas biografias a abnegação aos ideais da liberdade, paz e justiça
social na luta comum contra o nazi-fascismo, actuando na resistência
civil e dos partisans
dos
seus países, ou nas fileiras militares do Exército Vermelho, e após
1945, activamente nas suas estruturas de resistência e veteranos de
guerra e na Direcção da FIR. Entre eles foi recordado António Dias
Lourenço, falecido em 2010, e que também se envolveu na longa
resistência do povo português ao fascismo, somando 17 anos de
prisão (1949-1954; 1962-1974) e uma das mais espectaculares e
audaciosas fugas dos cárceres fascistas, no dia 17 de Dezembro de
1954 da Fortaleza de Peniche. Fez-se na sequência um sentido minuto
de silêncio.
Em seguida foram
expostas numa projecção, imagens ilustrativas dos 60 anos da
actividade da FIR, desde o seu I Congresso em Viena em 1951 até ao
seu último Congresso ordinário realizado em Berlim em 2010 e onde
se destacaram iniciativas diversas que mantiveram intacto o ideal de
luta por um mundo livre de fascismo e por uma vida melhor para os
povos do mundo, e que soma já 60 anos de realizações.
Após novo
apontamento musical, foi a vez de serem chamados por David Pereira à
tribuna os homenageados com as medalhas da FIR. Ali foram agraciados
pessoalmente ou seu nome pelas organizações que integravam vários
combatentes pela liberdade e justiça social dos povos e que ainda
hoje estão envolvidos no trabalho e na transmissão da memória da
resistência ao nazi-fascismo na Europa. Entre eles foi agraciado
Aurélio Santos, ex-coordenador do Conselho Directivo da URAP e
membro do seu Conselho Nacional (ver notícia). A coordenadora do
Conselho Directivo da URAP, Marília Villaverde Cabral, recebeu a
medalha em seu nome.
Depois deste
momento, foi a vez do novo presidente do Comité Executivo da FIR,
Vilmos Hanti, intervir sobre o seu trabalho no futuro próximo,
destacando a necessidade da FIR continuar o seu trabalho de viva
presença do legado da libertação dos povos da subjugação do
nazi-fascismo nos dias de hoje, num tempo que sofre cada vez mais
ameaças mais ou menos dissimuladas que colocam em causa os pilares
fundamentais da liberdade, democracia e progresso social e da
necessidade de actuar nesse contexto.
Após o encerramento
deste acto comemorativo, os presentes dirigiram-se ao Cemitério
Central de Viena para aí homenagearem as vítimas da ocupação nazi
na Áustria e depositarem uma coroa de flores junto do obelisco que
assinala também a resistência dos que não claudicaram perante a
desumanidade do nazismo na Áustria.
O programa oficial
da FIR terminou no dia 3 de Julho, quando os presentes se deslocaram
ao antigo Campo de Concentração de Mauthausen, na Áustria, para aí
realizarem outra sentida homenagem junto do monumento à resistência
e às vítimas austríacas da ocupação nazi, tal como homenagens
junto aos monumentos que imortalizam a tenacidade dos presos do campo
das mais diversas nacionalidades europeias.
A delegação da
URAP regressou a Portugal convicta de que o trabalho da FIR poderá e
deverá sair reforçado após este Congresso, e que a intervenção
da URAP no plano internacional e junto da FIR continuará a merecer
importância na concretização do plano de intervenção delineado
desde a última Assembleia-Geral da nossa organização.