
A
fraternidade foi desde início o sentimento mais forte, aquele que em
todos os momentos ligou e liga os resistentes antifascistas, e que se
afirma como um dos pilares fundamentais da URAP. Este sentimento foi
evidenciado uma vez mais, numa altura em que todos os portugueses são
obrigados a ser cada vez mais resistentes, e a lutar por um país
cada vez mais empurrado pelo seu governo contra o fundo de uma Europa
que se impõe como esmagadora.
A União de Resistentes Antifascistas Portugueses terminou o ano de 2011 com um saldo de contas positivo, apenas possível pela gestão cuidada dos recursos existentes e da análise de cada passo a ser dado. De salientar que, para que tal tivesse sido possível, foi imprescindível a contribuição, apoio e amizade dos nossos associados, quer através da normalização de quotas (que se traduziu numa atualização de cerca de 50% das quotas em atraso), quer através da mobilização para eventos realizados, e pelo esforço e empenho demonstrados em todos os momentos.
Relativamente
aos eventos realizados durante o ano, foram feitas ações de luta e
culturais através de debates, concertos, lançamentos de livros,
homenagens a companheiros de luta e apresentações de filmes
alusivos à luta anti-fascista, tendo sempre presente a necessidade
de uma crescente consciencialização das gerações pós 25 de
Abril. Foram realizados ainda vários protestos nacionais e
internacionais, visando a marcação de uma posição que defende a
liberdade e os valores democráticos, e que caracteriza a URAP como
uma associação que atua contra qualquer condescendência,
trivialização ou tentativa de branqueamento da História e das
nefastas consequências do fascismo em todo o mundo.
Como não poderia deixar de ser, foram também destacadas as comemorações do 25 de Abril, onde cada núcleo se empenhou em marcar, celebrando junto das suas populações, este dia fundamental da nossa democracia. Esta celebração fez-se por isso lutando contra as constantes tentativas de diminuição e desapego a esse marco maior da nossa história, tendo sido realizados debates, convívios e exposições, dedicados não só a lembrar aos que de longe recordam o tempo, mas também e essencialmente, aos jovens, através da partilha da luta realizada numa era que cada vez mais parece querer regressar.
Dedicado
também aos jovens, essa argila fundamental do nosso futuro, foi o
destaque dado ao já anunciado "Comboio dos 1000", evento que
juntará 1000 jovens de toda a Europa numa viagem de comboio até ao
campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, acompanhada por
sobreviventes dos campos de concentração e outros resistentes
antifascistas, com o objectivo da promoção e defesa dos valores da
democracia e da paz. A URAP, que em 2008 levou 3 jovens portugueses
numa iniciativa semelhante, conseguiu organizar a presença de 100
jovens portugueses nesta iniciativa, que decorrerá em Maio deste
ano, conseguindo constituir uma delegação composta por estudantes,
jovens trabalhadores, jovens ligados ao movimento sindical,
dirigentes do movimento associativo juvenil, etc.
Ainda no mês de Maio realizar-se-á também uma viagem pelas cidades da Guerra Civil Espanhola, marco fundamental da história dos resistentes anti-fascistas, numa homenagem que a URAP fará, passando pelas diferentes cidades onde a resistência mais se fez sentir.
Estes eventos e a forma como se desenvolvem, são bem demonstrativos do progressivo fortalecimento do contacto com a Federação Internacional de Resistentes, da força da nossa União, e de como esta se rejuvenesce e cresce continuamente.
Foi também salientada a importância do nosso boletim e do site na Internet tendo um papel fundamental na divulgação dos eventos e da informação a ser partilhada. Para que a URAP continue a crescer será também necessária a criação de mais núcleos no nosso país, alargando a nossa presença no terreno fazendo da URAP uma união mais forte, mais participativa e ativa junto do nosso povo.
Por último foi partilhada e aprovada por unanimidade uma moção no sentido de partilhar com a Assembleia da Republica, o seu Presidente e grupos parlamentares, a indignação sentida pela tentativa de eliminar o feriado de 5 de Outubro, dia fundamental da Republica portuguesa e marco da luta pela democracia em Portugal. Nesta moção é ainda evidenciada a condição do Estado português enquanto laico, e de, nessa condição, não ser passível a negociação, de nenhum tipo, com qualquer organização religiosa, na tomada de decisão do futuro do nosso país. Esta situação, a par da constante degradação das condições de vida dos portugueses, através do constante aumento do custo de vida, da redução dos salários, do aumento das horas de trabalho, da redução do número de feriados, é impossível de desligar de uma aproximação ao Portugal negro que conhecemos durante quase 50 anos, e que terminou quando a democracia por fim venceu!
Esta assembleia foi mais um momento que serviu para lembrar o passado que ninguém quer ver tornar-se futuro, servindo por isso para unir ainda mais aqueles que lutaram, lutam e sempre lutarão pela democracia e pela liberdade. Como sempre e desde sempre, mesmo nas mais adversas condições, o que mais fortemente sentimos foi a solidariedade, a amizade e a fraternidade!
Fascismo nunca mais!
Ver intervenção de encerramento de Marília Villaverde Cabral, coordenadora da URAP