O núcleo da URAP de Santa Iria de Azóia organizou uma ida ao teatro Joaquim Benite, em Almada, dia 29 de Janeiro, para assistir à peça "Noite da Liberdade", do austro/húngaro Ödön Von Horváth.
Integrada nos passeios culturais que o núcleo realiza, 53 sócios e amigos do núcleo da URAP de Santa Iria de Azóia foram confrontados com uma declaração de amor à democracia e sobre a utilidade de defendê-la, face ao crescimento dos partidos de extrema-direita na Europa (representados, inclusive, no Parlamento Europeu) e ao estiolar da participação política dos cidadãos.
O texto, do início dos anos 30, questiona como pode a democracia medrar sem democratas que a defendam.
Rodrigo Francisco, o director da companhia, explica a escolha da peça: "não sei fazer senão espectáculos políticos. Nada tenho contra o entretenimento, mas a minha escola é o teatro clássico. Interessa-me debater ideias, coisas reais, que influenciam a sociedade", disse em entrevista.
“É uma grande crítica aos partidos que não se aliaram para combater o fascismo. O facto de não se conseguir ligar ideias e formar uma resistência mais musculada. E faz muitas alusões à actualidade, com os movimentos de extrema-direita que estão a surgir na Europa. A encenação faz esta passagem de tempo e não se percebe exactamente se estamos em 1920 ou em 2017. Curiosamente estreou pouco antes de Trump ser eleito”, afirmou, por seu lado, João Tempera, um dos actores.
O autor, Ödön von Horváth (1901-1938), nasceu em Fiume, actual Hungria, considerava-se um produto típico do império austro-húngaro, tendo-se fixado em Berlim nos anos 20. Em 15 anos escreveu 18 peças profundamente marcadas pelo contexto da ascensão do nazismo. Horváth gostava de unir os universos do quotidiano com o fantástico, do realismo com a ironia, da comédia com a tragédia. Por ironia, morreu em Paris, a caminho do exílio norte-americano, quando um ramo caído de uma árvore lhe esmagou o crânio.


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