No dia 27 de Abril, exactamente 44 anos depois da libertação dos presos políticos de uma das mais sinistras prisões políticas, a cadeia de Peniche, que ocorreu dois dias depois da Revolução de Abril de 1974, foi entregue ao ministro da Cultura o "guião para os conteúdos" do futuro Museu Nacional da Resistência e Liberdade.
A cerimónia decorreu no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, onde a Comissão de Instalação dos Conteúdos e da Apresentação Museológica (CICAM) entregou a Luís Filipe Castro Mendes a museografia, que irá agora ser trabalhada pela equipa que vencer o concurso público, com os conteúdos do futuro museu, que vai ser criado na Fortaleza de Peniche e deverá ser inaugurado a 27 de Abril de 2019.
O guião foi remetido por Paula Silva, directora-geral do Património, presidente da Comissão de Instalação dos Conteúdos e da Apresentação Museológica (CICAM), na presença de presos políticos como Domingos Abrantes e José Pedro Soares, que integram igualmente a comissão.
O guião prevê 11 núcleos, sendo o primeiro dedicado ao Parlatório, evocando as condições em que decorriam as visitas aos presos políticos, bem como a solidariedade da população de Peniche para com os presos - e as suas famílias –, e com as fugas.
O segundo e o terceiro núcleos serão memoriais da história da Fortaleza e de todos os que se sacrificaram pela conquista da liberdade e democracia.
O quarto e o quinto núcleos recordarão como foi o regime fascista e o sistema policial e repressivo, durante a ditadura.
O núcleo 6 é dedicado ao colonialismo e à guerra colonial, e o núcleo 7 conta a história da resistência antifascista e anticolonialista.
O núcleo 8 recorda as fugas de presos políticos do sistema repressivo policial e os três últimos evocam o 25 de Abril, a libertação dos presos políticos do Forte de Peniche e a cadeia do Forte de Peniche, havendo ainda outros espaços com conteúdos específicos, como a "Cela Álvaro Cunhal" –individualizada com uma placa exterior com a ficha prisional e referências ao trabalho intelectual e artístico aí desenvolvido.
Luís Filipe Castro Mendes afirmou que está já a decorrer a análise das 22 propostas submetidas por equipas de arquitectura, cujos resultados deverão ser conhecidos "a breve prazo" e prometeu que no próximo ano, no mesmo dia 27 de Abril, será inaugurado parte do Museu de Peniche, "nem que seja só uma parte".
Paula Silva anunciou também o lançamento nesse dia de um site, concebido pela DGPC, em que se apela "a todos aqueles que queiram dar contributos para a memória do museu". "Apelamos ao seu testemunho", "[conte] a sua história", lê-se no ecrã.
A CICAM é composta pela directora-geral do Património Cultural, Paula Silva, pelo presidente da Câmara de Peniche, Henrique Bertino, pelo chefe de gabinete do Ministro da Cultura, Jorge Leonardo, por Adelaide Pereira Alves e Manuela Bernardino, do PCP, João Bonifácio Serra, historiador, e pelos ex-presos políticos Domingos Abrantes, Fernando Rosas, José Pedro Soares, que é membro da União dos Resistentes Antifascistas Portugueses, e por Raimundo Narciso, do movimento Não Apaguem a Memória.
O investimento previsto na requalificação da Fortaleza de Peniche e a criação do Museu Nacional da Resistência e da Liberdade, é de 3,5 milhões de euros, dos quais meio milhão é suportado pelo Orçamento do Estado e os restantes por fundos comunitários


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