O Plenário da Assembleia da República discutiu, quinta-feira, dia 3 de Dezembro, a Petição n.º 81/XIV/1ª assinada por cerca de 11.000 democratas de diferentes sensibilidades, apresentada pela URAP, de repúdio contra a tentativa de criação, em Santa Comba Dão, do “Museu Salazar”, com esse ou outro nome.
A pretexto da criação de diversos centros interpretativos da I República e do Estado Novo, a autarquia de Santa Comba Dão pretende reabilitar a figura de Salazar num chamado “Centro de Interpretação do Estado Novo”, reunindo numa antiga escola com o nome do ditador objectos que lhe pertenciam e torná-lo inevitavelmente um lugar de peregrinação dos saudosistas do fascismo.
Intervieram no Plenário diversos grupos parlamentares, nomeadamente do PCP, PS, Verdes, BE, PSD e CDS, tendo os quatro primeiros defendido o espírito da petição no respeito pelos valores inscritos na Constituição da República e pela memória dos milhares de vítimas do regime fascista.
A petição, com 10.396 assinaturas, foi admitida para discussão na Comissão Parlamentar de Cultura e Comunicação no dia 26 de Maio e discutida a 16 de Junho nesta comissão, na sequência ainda de uma carta de 204 presos políticos e de um anterior abaixo-assinado com 18.000 assinaturas sobre o mesmo assunto.
Nas galerias da Sala das Sessões encontrava-se uma delegação da URAP constituída por Abílio Fernandes, o primeiro subscritor da petição, Alberto Andrade, do núcleo da URAP de Santa Comba Dão, e os dirigentes José Pedro Soares, José Sucena e Levy Baptista.