Comunicado da URAP
O Conselho Directivo da URAP analisou na sua reunião desta semana os acontecimentos que rodearam a Sessão Pública de afirmação dos ideais antifascistas promovida pelo Núcleo de Viseu e Santa Comba Dão no passado sábado, dia 3 de Março, tendo aprovado a seguinte declaração:
Declaração da URAP
sobre os acontecimentos de Santa Comba
1- O Conselho Directivo da URAP saúda a coragem cívica dos seus aderentes de Viseu e Santa Comba Dão ao chamarem a atenção dos democratas portugueses para o perigo de criar um santuário de revivalismo fascista à volta do Museu Salazar projectado para Santa Comba.
Os acontecimentos de sábado passado, com a presença de neo-nazis exibindo a saudação fascista, insultando os democratas reunidos para afirmação dos ideais antifascistas, manipulando e incitando a população da cidade nesse sentido e contra o 25 de Abril, comprovaram a justeza das prevenções que estavam na origem da Sessão.
2- Compreendendo o significado da iniciativa, o Conselho Directivo da URAP enviou uma delegação à Sessão promovida pelos aderentes de Santa Comba e Viseu, à qual se associaram também muitos antifascistas do distrito de Viseu e de outras regiões do país.
A Sessão Antifascista foi uma acção legítima, promovida no exercício dos direitos democráticos, dentro da legalidade democrática garantida pela Constituição Portuguesa. O que realça o caracter antidemocrático dos que pretenderam contestá-la aos gritos de «Viva Salazar» e com a mão erguida em saudação fascista.
3- O Conselho Directivo da URAP considera que se tem vindo a desenvolver, de forma insidiosa ou cada vez mais aberta, uma campanha de branqueamento do fascismo e de «reabilitação» da sua política e dos seus protagonistas mais responsáveis. Iniciativas como a promoção de Salazar como «o melhor português de sempre»terão também contribuído para virem à luz do dia manifestações fascizantes como as de Santa Comba.
4- A história do «Estado Novo» não pode ser esquecida, em toda as suas dimensões e consequências. Mas tem de ser feita com rigor científico, numa perspectiva democrática e não a partir de concepções instiladas pela propaganda fascista. Não pode ser falseada com a criação de uma instituição memorial de homenagem ao seu maior responsável, como se projecta no anunciado Museu Salazar de Santa Comba.
5- A URAP continuará a lutar contra essa ou outras formas de branqueamento da página negra que foi na História de Portugal a ditadura fascista de que Salazar foi o principal protagonista. E nesse sentido apelamos a que todos os membros da URAP, em todo o país, apoiem e divulguem o abaixo-assinado apresentado na Sessão de Santa Comba contra a criação do projectado Museu Salazar.
6- A URAP alerta para os perigos que para a Democracia portuguesa constituem as várias formas que está tomando a promoção da ideologia fascista e o branqueamento e reabilitação da ditadura fascista.
7- De acordo com as suas tradições de luta antifascista, antes e depois do 25 de Abril, a URAP lança um apelo
aos membros da URAP,
aos democratas portugueses,
a todos os que defendem o 25 de Abril
para desenvolverem activamente uma acção de defesa dos ideais democráticos e antifascistas e de combate às perversões da Democracia, tão esperançosamente acolhida como ruptura com o passado fascista e abertura de uma nova era de liberdade e progresso para Portugal.
Conselho Directivo da URAP
União dos Resistentes Antifascistas Portugueses