A célebre frase "O trabalho liberta" pode ler-se no cimo do portão que dá acesso ao campo de concentração de Auschwitz. Foi aí que os jovens passageiros do Comboio dos 1000 se encontraram na manhã de quinta-feira para dar início à visita ao campo, hoje transformado em museu ou lugar de memória.
Estudantes e outros jovens, professores, dirigentes, responsáveis das organizações filiadas na Federação Internacional de Resistentes (FIR) e ainda sobreviventes de campos de concentração e outros veteranos, entre os quais 20 portugueses, tomaram contacto com o contexto histórico e social do surgimento do nazismo, a ideologia veiculada para o extermínio dos judeus e outros povos ou indivíduos que não fossem da raça ariana.
Todos viram, com horror, as toneladas de cabelos, sapatos, malas, objectos que eram retirados contra a vontade ou sem o consentimento dos judeus antes ou depois da sua morte para depois serem aproveitados ou transformados. Viram também o chamado hospital do campo onde decorriam experiências médicas feitas por médicos, como o Dr. Mengele, sacrificando mulheres, muitas das quais ciganas, procurando a sua esterilização ou usando crianças para outros fins. Viram ainda a primeira câmara de gás criada, contígua ao crematório.
A visita ao campo de concentração Auschwitz I colocou os presentes frente à imagem das atrocidades cometidas no campo e do sofrimento dos milhões de indivíduos que ainda hoje têm o seu nome no livro do campo ou um rosto afixado na parede, para nunca serem esquecidos.
Auschwitz I é um dos campos do complexo Auschwitz-Birkenau. O complexo dos campos foi construído a 27 de Abril de 1940 por ordem de Himmler. A par deste campo de concentração original e com função administrativa central, o complexo era constituído pelo campo de Auschwitz II (Birkenau) – um campo de extermínio - e o campo Auschwitz III (Monowitz) que funcionava para trabalho escravo a favor da empresa IG Farben.
Da parte da tarde, as delegações visitaram o centro histórico de Cracóvia, tomando contacto com uma atmosfera diferente, de uma outra época histórica, cercado por muralhas, castelos e igrejas que encerram em si lendas que continuam a alimentar o imaginário identitário do povo desta cidade.
Como esta viagem prevê igualmente o convívio entre as 13 nacionalidades europeias presentes, a noite foi de concerto com os Kroke (que significa Cracóvia em Yiddish, língua antigamente falada pelos judeus na Cracóvia), que juntaram num animado concerto a cultura judaica presente na música Klezmer (com influências do Médio Oriente e eslavas), o jazz e o folk.