No dia 8 de Maio, data da capitulação alemã, os jovens europeus de 13 nacionalidades que viajaram no Comboio dos 1000, 20 dos quais portugueses, estiveram em Birkenau (Auschwitz II) para frente ao monumento de homenagem às vítimas do Holocausto assistir à sessão comemorativa dos 70 anos de libertação do campo pelo Exército Vermelho, no final da II Guerra Mundial.
Ponto alto das comemorações, na cerimónia estiveram presentes e intervieram junto ao monumento, que exibe placas em 23 línguas diferentes (as faladas pelos prisioneiros), o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, o secretário-geral da FIR, Ulrich Schneider, um representante da Associação dos Veteranos da Bélgica, da Fundação Auschwitz, da Croácia , e um sobrevivente do campo.
Birkenau, a 3 km de Auschwitz I, mostra a enormidade do plano de extermínio do regime nazi e permite ver mais de perto as condições de vida dos prisioneiros. O objectivo principal do campo era o do extermínio. Equipado com quatro crematórios e câmaras de gás, as quais podiam receber, cada uma, cerca de 2.500 pessoas à vez, registou o maior número de mortos. De 1942 a 1945 morreram aproximadamente um milhão de judeus e 19 mil ciganos.
O campo de concentração Auschwitz I, inaugurado no dia 20 de maio de 1940, para além de centro administrativo dos campos - é nele que se localiza a famosa placa com a frase "Arbeit Macht Frei" (O trabalho liberta) - serviu sobretudo para utilização do trabalho forçado dos prisioneiros, mas foi ali que os nazis testaram a primeira câmara de gás. O teste inicial com o gás Zyklon B matou 850 prisioneiros polacos e russos, em Setembro de 1941. A experiência foi considerada um sucesso e utilizada no campo em 1941 e 1942, além de serem construídas câmaras também noutros campos. De todos os prisioneiros que passaram por Auschwitz I, apenas 300 conseguiram fugir. Por outro lado, aproximadamente 70 mil prisioneiros polacos e soviéticos morreram neste campo.
Todos os campos de concentração eram controlados e dirigidos pelas SS, sob o comando de Heinrich Himmler, e trabalharam neles cerca de 7.300 membros das SS. Quando o final da guerra se aproximou, os nazis destruíram as câmaras de gás em Birkenau, em Novembro de 1944, e no ano seguinte começaram a evacuar os campos, tudo para esconder o que acontecia nas suas instalações. Em 27 de Janeiro de 1945, o Exército Vermelho libertou ainda cerca de 7.500 prisioneiros.
Representantes das delegações dos países presentes almoçaram depois com o presidente do Parlamento Europeu. Dois portugueses estiveram na refeição e defenderam que a melhor forma de contrariar o afastamento político da juventude, de garantir que a memória destes terríveis acontecimentos não se perde e que nada de parecido se repetirá faz-se através da luta da juventude pelos seus direitos, relembrando no presente e na acção os que resistiram noutras situações e que foram imprescindíveis para a derrota do nazi-fascismo.
Foi representada, em seguida, a peça de teatro, Brundibar, por crianças do Liège Opera Royal, de Valónia. Ópera de 1938, escrita em checo por Adolf Hoffmeister e composta por Hans Krása.
A primeira actuação ocorreu a 23 de Setembro de 1943, no campo de concentração de Theresienstadt (República Checa) feita por crianças deportadas que depois foram levadas para Auschwitz, onde apenas algumas sobreviveram. Esta interpretação foi feita durante a visita da Cruz Vermelha Internacional ao campo para ver as condições dos presos, deparando-se com um cenário totalmente encenado.
Excertos desta ópera eram utilizados na propaganda nazi por relatarem uma história alegre em torno da amizade e da solidariedade.
A estada em Cracóvia terminou com uma animada festa de convívio entre todas as delegações.