A Tocha da Paz da FIR – Federação Internacional de Resistentes acendeu-se de manhã cedo em Setúbal ao som da Internacional e dirigiu-se depois para Palmela, visitando nos dois concelhos diversas fábricas e escolas.
A tocha foi transportada num carro do SITE-Sul/CGTP-IN de onde partiam canções da resistência francesa e espanhola, como os "Partisans" e "Carmela", e um folheto a "saudar a luta dos trabalhadores portugueses e das populações que, em 1945, debaixo do jugo fascista, saíram à rua para comemorar a derrota do nazi-fascismo e a reivindicar a liberdade para o povo e eleições livres, pelo fim do racionamento alimentar e melhores condições de vida".
Milhares de trabalhadores receberam a Tocha da Liberdade no estaleiro naval da Lisnave, localizado na Mitrena, perto de Setúbal, e na empresa Autoeuropa, em Palmela, onde a presença da Tocha tinha sido anunciada anteriormente pelo boletim da célula do PCP, "O Faísca", divulgada pelas ORT - os quais se solidarizaram com a iniciativa - assim como no circuito interno de vídeo da empresa.
A Tocha da Paz, transportada por elementos da associação de atletismo "Lebres do Sado", percorreu as Escolas Básicas e/ou Secundárias Lima de Freitas, Ordem de Sant'Iago, Luísa Todi, Barbosa do Bocage e Sebastião da Gama, de Setúbal, e a escola Secundária de Palmela.
Durante o dia realizou-se um espectáculo maravilhoso com "A Tuna do Bocage" a cantar o "Hino à Alegria", escrito por Friedrich Schiller em 1785 e cantado no quarto movimento da IX Sinfonia de Beethoven, e "O Coro dos Escravos Hebreus" (va, pensiero, sull'ali dorate, "Vai, pensamento, sobre asas douradas") do terceiro acto da ópera " Nabucco", de Verdi, escrita em 1842 durante a época da ocupação austríaca no norte de Itália e que se tornou uma música-símbolo do nacionalista italiano.
Actuaram igualmente "Os Tódicos", grupo musical constituído por professores e alunos da Escola Básica Luísa Todi, entoando obras desta importante cantora lírica, nascida em Setúbal em 1753.
Em seguida, foi lido o último discurso do filme "O Grande Ditador", de Charlie Chaplin, 1940, e recordado Primo Levy, o químico e romancista italiano, membro da resistência e sobrevivente de Auschwitz, autor do livro "Se Isto é um Homem?", que relata a vida e a luta pela sobrevivência no campo de concentração.
Depois recitou-se o poema "A Guerra", de David Mourão-Ferreira, do seu livro "Tempestade de Verão", e os versos da "Balada dos Mortos dos Campos de Concentração", escrita em 1945 por Vinícios de Moraes sobre o Holocausto.
Finalmente, uma aluna do 9º ano, Ema, disse um poema da sua autoria e passou a palavra aos seus colegas Diogo e Ana, e "Os Bela Batuke", da EB 2,3+S da Bela Vista, demonstraram que com paus, vassouras, bidões, baldes de plástico e latas é possível criar uma sonoridade rítmica.
Na Praça Bocage, junto à Câmara Municipal de Setúbal, a comitiva procedeu a uma emocionante largada de pombas, após os discursos de Marília Villaverde Cabral, coordenadora da URAP, Luís Leitão, coordenador da União dos Sindicatos de Setúbal (USS), e Maria das Dores Meira, presidente do Município.
Ao fim da tarde, a Tocha deslocou-se à Escola Secundária de Palmela e à Associação de Reformados, Pensionistas e Idosos do Pinhal Novo, onde decorreu uma sessão muito participada na qual falaram Adilo Costa, vereador da Câmara Municipal de Palmela, Manuel Lagarto, presidente da Junta de Freguesia, Joaquim Ricardo, presidente da Associação dos Reformados, e Américo Leal, do núcleo de Setúbal da URAP, que fez aí a sua última intervenção.
A primeira deslocação da tocha em Portugal ocorreu no Porto, a 29 de Janeiro, e seguirá agora para Almada e Lisboa, onde estará dia 12 de Fevereiro.
As comemorações do final da II Guerra Mundial já levaram a Tocha da Paz a vários países da Europa. O percurso iniciou-se na Bulgária, Macedónia, Hungria, Itália, Vaticano (tendo sido abençoada pelo Papa Francisco) e Israel.
O itinerário terminará em Berlim no mês de Maio e antes disso passará ainda por Espanha, Áustria, República Checa e Grécia.