Odete Santos, advogada e carismática ex-deputada do PCP à Assembleia da República durante 27 anos, reconhecida pela verve, espontaneidade e coragem com que defendia as posições da sua bancada, morreu dia 27 de Dezembro aos 82 anos.
O corpo de Odete Santos estará em câmara ardente no Convento de Jesus, em Setúbal e o funeral realiza-se quinta-feira, às 15:30, para o Cemitério da Nossa Senhora da Piedade, Rua Camilo Castelo Branco, Setúbal.
Maria Odete Santos nasceu a 26 de Abril de 1941, na Freguesia de Pêga, concelho da Guarda. Estudou no Liceu de Setúbal, licenciou-se em Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, tendo exercido advocacia.
Antifascista desde muito jovem, dedicou-se à intervenção cultural, à defesa da igualdade e emancipação da mulher e à solidariedade com os povos de todo o mundo. Em 1974 aderiu ao Partido Comunista Português, de que foi dirigente até 2012.
Integrou, igualmente, a Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Setúbal. Foi membro da Assembleia Municipal de Setúbal de 1979 a 2009, tendo sido presidente deste órgão entre Janeiro de 2002 e Novembro de 2009. Foi homenageada pela Câmara Municipal com a Medalha de Honra da Cidade de Setúbal.
Entre muitas das suas intervenções na vida do concelho está o papel como principal impulsionadora da criação do Teatro de Animação de Setúbal (TAS), onde representou conhecidos dramaturgos.
Nas ruas de Setúbal disse poesia de Bocage. Ficou conhecida a forma como declamava “Calçada de Carriche”, de António Gedeão. Teve ainda participação nos anos de 2004 e 2005 no Teatro de Revista, no Parque Mayer.
É autora dos livros “Em Maio há cerejas” (Ausência, 2003) e “A Bruxa Hipátia – o cérebro tem sexo?” (Página a Página, 2010), e de uma colectânea de poesia (jornal Público) “A argamassa dos poemas”.
Como deputada à Assembleia da República, de Novembro de 1980 a Abril de 2007, destacou-se nas áreas dos Direitos, Liberdades e Garantias, na defesa dos direitos dos trabalhadores e dos direitos das mulheres, assuntos que abordou também em conferências, debates, entrevistas e artigos publicados.
Foi rosto da bancada comunista na luta pela aprovação da despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez e do combate ao aborto clandestino. Destacou-se igualmente na criação dos Julgados de Paz, um nível de instituição para a justiça mais próxima dos cidadãos, sendo reconhecida como a sua principal impulsionadora.
Integrou o Conselho Nacional do Movimento Democrático de Mulheres (MDM) e a Associação de Amizade Portugal-Cuba.
Em 1998, Odete Santos foi agraciada pelo Presidente Jorge Sampaio com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.
A URAP apresenta aos familiares e amigos de Odete Santos, Mulher de Abril, as suas mais sentidas condolências.