Chovia muito no dia 18 de Fevereiro de 1978. Nesse dia, os restos mortais de 32 antifascistas portugueses que não sobreviveram no Campo de Concentração do Tarrafal seriam sepultados no cemitério do Alto de S. João, em Lisboa.
Nesse dia não estavam sós. Foram acompanhados por uma multidão de democratas e antifascistas, estimada em 200 mil pessoas, e repousam desde há 43 anos num memorial construído para o efeito.
“Aos que na longa noite do fascismo foram portadores da liberdade e pela liberdade morreram no Campo de Concentração do Tarrafal”, pode ler-se no Mausoléu Memorial, erguido por subscrição pública, onde anualmente a URAP organiza uma homenagem para os recordar.
Aberto a 23 de Abril de 1936, o campo de Concentração do Tarrafal, oficialmente uma colónia penal para presos políticos e sociais no Tarrafal, da Ilha de Santiago, no Arquipélago de Cabo Verde, esteve aberto durante 18 anos, numa primeira fase. Voltaria a ser reaberto, mais tarde, numa segunda fase, para prender anticolonialistas africanos.
Inauguraram o "campo da morte lenta", um campo de concentração criado à imagem dos campos de concentração nazi, 152 presos, participantes na insurreição do 18 de Janeiro de 1934, na Marinha Grande, e na Revolta dos Marinheiros, em 1936. Ao todo, passaram por lá 340 antifascistas.
Para que a memória não se apague, a URAP lembra este dia, quatro anos depois do 25 de Abril, quando o povo saiu à rua e gritou: “Tarrafal Nunca Mais”, “Fascismo Nunca Mais”.