Na biblioteca da Escola Marquesa de Alorna, em Lisboa, crianças de nove anos, com um cravo na mão, declamaram poesia de vanguarda e cantaram “Grândola Vila Morena”, a canção emblemática de Zeca Afonso, para celebrar Abril.
A festa aconteceu, dia 22 de Abril, e o convidado especial foi Adelino Pereira da Silva, ex-preso político e dirigente da URAP, que contou depois aos mais velhos, do 9º ano, o que foi a ditadura em Portugal, a actuação da PIDE, a repressão, as prisões e torturas, a luta clandestina, como era ter filhos na clandestinidade, as desigualdades sociais, a emigração e a guerra colonial.
Trinta e sete estudantes de nove e 15 anos, e alguns professores, entre os quais Helena Nunes, vice-directora da escola, e Maria Vilão, professora bibliotecária, interrogaram o orador sobre a ditadura salazarista no chamado Estado Novo.
Os átrios e corredores da escola exibiam desenhos alusivos ao 25 de Abril e os originais dos desenhos feitos pelos estudantes da Marquesa de Alorna para o painel de azulejos inaugurado no dia 25 Abril frente à Fortaleza de Peniche, agora Museu Nacional da Resistência e Liberdade.
A elaboração do painel por alunos das escolas de todo o país - 46 azulejos relativos à forma como as crianças vêem o 25 de Abril - deve-se a uma iniciativa da FENPROF/CGTP e da URAP, em parceria com o Município de Peniche, o apoio da Faculdade de Belas Artes de Lisboa e do Centro de Formação Profissional para a Indústria Cerâmica (CENCAL), e o parecer favorável da Direcção-Geral do Património Cultural.