Representantes dos Núcleos da URAP do Barreiro e da Moita, da União dos Sindicatos de Setúbal e ainda o antigo preso político de Caxias e Peniche Faustino Reis organizaram um Acto Público Antifascista no Largo 3 de Maio, no Alto do Seixalinho, Barreiro, de evocação da luta e da repressão de 3 de Maio de 1970.
No dia 3 de Maio passado, na presença de cerca de cem pessoas, algumas das quais participantes na jornada de 1970, lembrou-se a prisão dos antifascistas Alfredo Matos e Álvaro Monteiro, do Barreiro; Leonel Coelho e Staline Rodrigues, da Moita; e Zacarias Fernandes, Fernando Tavares, Carlos Lopes e António Chora, de Setúbal no dia seguinte à manifestação do 1º de Maio de 1970.
Para celebrar o Dia do Trabalhador, pela Liberdade e Democracia, contra a Guerra Colonial e pela melhoria das condições de vida, mais de 6 000 pessoas do Barreiro e do concelho da Moita desfilaram nas ruas do Barreiro e foram reprimidas violentamente pela GNR. A população defendeu-se e houve confrontos junto ao cemitério do Lavradio.
Perante a indignação da população barreirense, no dia 3 de Maio a população voltou à rua numa marcha de protesto pela libertação dos democratas que a PIDE prendera nessa madrugada. Com a saída dos operários das fábricas, dos trabalhadores dos caminhos-de-ferro e largas centenas de populares do concelho da Moita a manifestação atingiu cerca de 7 000 pessoas.
No início da antiga rua Brás, a Polícia de Choque carregou violentamente sobre a multidão e perseguiu os manifestantes até ao Largo da Santinha, onde a violência agravou-se, com a GNR a cavalo e à espadeirada. A população defendeu-se com pedras. Nessa altura, a GNR fez 20 detenções entre os populares, muitos dos quais seriam presos no Forte de Caxias.
Este Acto Público Antifascista visou recordar às novas gerações os crimes do governo de Salazar e, ao mesmo tempo, combater ideologias fascistas e xenófobas que vêm surgindo na sociedade portuguesa.