Uma centena de democratas de Setúbal e Palmela concentraram-se, dia 20 de Janeiro, junto ao Monumento à Resistência Antifascista, na Av. Luísa Todi, em Setúbal, para evocar Américo Leal no dia do seu centésimo aniversário.
Américo Lázaro Leal, antigo operário corticeiro, morreu em Junho de 2021. Foi um resistente antifascista, membro do PCP desde a clandestinidade. Depois de Abril, pertenceu ao Conselho Directivo da URAP, foi deputado à Assembleia Constituinte e Assembleia da República pelo distrito de Setúbal.
Na cerimónia, que contou com a presença do presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Martins, e dirigida por Jacinto Artur, interveio Vítor Zacarias, do núcleo da URAP, que destacou a personalidade e a obra do homenageado.
Nascido em Sines, a 20 de Janeiro de 1922, Américo Leal foi um grande dinamizador da URAP tendo criado o núcleo desta organização em Setúbal. Como dirigente URAP, participou com muitas centenas de crianças e jovens em debates e reuniões sobre a luta antifascista e a Revolução de 25 de Abril de 1974.
25 de Abril encontrava-se no Porto. Regressou a Sines, dias depois do 1.º de Maio, com a sua companheira de sempre Sisaltina Santos. São recebidos pela população em peso, numa demonstração de reconhecimento pelo seu heroísmo na resistência antifascista e na luta pela liberdade e democracia.
Durante a ditadura, fez parte da comissão local do Movimento de Unidade Democrática (MUD) e era membro do PCP desde 1947, tendo estado 27 anos na clandestinidade.
Começou a trabalhar com 13 anos, idade em que ficou órfão, como operário corticeiro. Em 1943 é preso pela PIDE. Permanece 45 dias na cadeia do Aljube, onde conheceu Militão Ribeiro, dirigente do PCP também preso, que o liga ao partido.
Em 1944, quando regressou da tropa e à sua terra, assumiu tarefas na organização do PCP ligadas à indústria corticeira e também no organismo da direcção regional do Alentejo Litoral.
Integrou o Comité Nacional da Cortiça, composto inicialmente por corticeiros do Barreiro, Évora, Silves e Sines. Nos finais de 1945, fazia parte da delegação de corticeiros que expôs ao Governo a necessidade de um acordo colectivo de trabalho, acordo esse conquistado em 1947. Em 1958/59 é de novo preso em Caxias com a sua companheira e com o filho mais novo de ambos.