Marília Villaverde Cabral, vice-presidente da Assembleia Geral da URAP e coordenadora da organização entre 2009 e 2020, vai ser homenageada no dia 12 de Fevereiro pel´ A Voz do Operário, no 139.º aniversário da instituição, com uma sessão solene e jantar comemorativo, às 20:00, no Salão de Festas.
Segundo a direcção de A Voz do Operário, a homenagem a Marília Villaverde Cabral, resistente antifascista, deve-se ao “reconhecimento de uma vida inteiramente dedicada às causas dos trabalhadores e do povo português”.
Ser-lhe-á atribuído o título de sócia honorária, distinção que é concedida anualmente por esta instituição centenária - 139 anos - a uma personalidade de mérito reconhecido nas áreas da política, cultura ou desporto.
Em entrevista ao jornal de A Voz do Operário, intitulada “Eu não era capaz de viver outra vida que não fosse esta”, Marília Villaverde, 79 anos, conta a sua actividade política, iniciada na adolescência, na qual destaca a adesão ao PCP aos 16 anos, ser fundadora do Movimento Democrático de Mulheres, dirigente sindical e coordenadora da URAP.
Depois de realçar que nasceu numa família apolítica e que foi junto de colegas do liceu que despertou para as desigualdades e para a luta, relatou os seus primeiros contactos políticos que aconteceram durante as campanhas presidenciais de Arlindo Vicente e Humberto Delgado, em 1958.
Já no PCP, trabalhou na formação da Comissão Pró-associação dos Liceus. Depois de uma estada em Londres, integrou-se na luta estudantil, no seu regresso a Lisboa.
“Acabei por ser presa com os 1500 na Cidade Universitária, em (11 de Maio) 1962. Uns dias antes, no 1º de Maio, andámos a fugir à polícia. Foi um período muito movimentado. As pessoas começaram a juntar-se porque corria o boato de que os jovens fascistas iam atacar os estudantes que estavam a fazer a greve da fome. Nós começámos a juntar-nos para defendê-los. Éramos 1500 na Cantina Velha. Só que em vez de aparecerem os jovens, apareceu a polícia. O [Jorge] Sampaio, que na altura era o secretário da RIA – Reunião Inter-Associações – disse-nos: “Ninguém sai daqui sem nos irem buscar mesa a mesa”. Aquilo demorou… Eles chegaram à hora de jantar e saímos de lá de madrugada. As raparigas foram todas para o Governo Civil e nem havia espaço para tanta gente. Os rapazes foram distribuídos por vários outros sítios e nessa ocasião não nos interrogaram porque era tanta gente que eles já não tinham sequer papel para tirar as fotografias para o cadastro”, contou.
Após falar da sua actividade política multifacetada, Marília Villaverde refere o dia 25 de Abril, a saída dos presos políticos de Caxias, a passagem do Sindicato dos Escritórios para sindicalistas da oposição ao regime fascista, a chegada de Álvaro Cunhal a Lisboa e, finalmente, a sua entrada para funcionária do PCP, com as tarefas que daí resultaram.
Marília Villaverde, que afirma que “o partido é a minha vida, não consigo ver-me fora do partido”, termina a entrevista garantindo que “valeu e vale a pena. Eu não era capaz de viver outra vida que não fosse esta”.
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Inscrições para a sessão de homenagem e jantar:
962 472 093 | Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.