Vinte e sete neonazis começaram ontem, dia 23 de Fevereiro, a ser julgados por crimes de ódio racial e sexual, ofensas corporais, incitamento à violência, tentativa de homicídio, tráfico de droga e posse de arma proibida, num processo ligado aos 'hammerskins'.
Este grupo, que foi desmantelado no decorrer de uma operação da Unidade Nacional Contraterrorismo (UNCT) da Polícia Judiciária (PJ), em 2016, é conotado com o movimento Portugal Hammerskins (PHS), grupo que enaltece a superioridade racial da 'raça' branca face às demais.
Dois dos neonazis agora em Tribunal, Jaime Hélder e Nuno Cerejeira, já contam com condenações no julgamento dos ataques que culminaram no assassinato de Alcindo Monteiro em 1995.
Segundo o Ministério Público, "dois dos ofendidos foram agredidos com facas e outros objectos corto-perfurantes no abdómen e tórax, sendo que as partes do corpo visadas e atingidas eram aptas a determinar as suas mortes, o que apenas não se verificou por razões alheias às vontades dos agressores".
"Alguns arguidos detinham na sua posse diversas armas e munições (…) e ainda droga, que se destinaria a venda”, diz o MP, que acrescenta que ficou "suficientemente indiciado que os arguidos agiram com o propósito de pertencer a um grupo que exaltava a superioridade da 'raça' branca face às demais raças, sabendo que, pertencendo a tal grupo deveriam desenvolver acções violentas contra as minorias raciais, assim como contra todos aqueles que tivessem orientações sexuais e políticas diferentes das suas".
Entre as 18 vítimas encontram-se jovens negros, um militante comunista apanhado à saída de um comício da CDU, em 2015, um ativista antifascista de Braga e jovens que segundo o grupo neonazi aparentavam ser homossexuais. Os crimes tiveram lugar em Lisboa, Loures e Porto.