artigo da responsabilidade da FIR - Fédération Internationale des Résistants - Newsletter 2022-20 [Maio]
No início de Abril, tivemos conhecimento, com grande consternação, da profanação das sepulturas e do memorial para os libertadores soviéticos de Berlim, em Treptow Park.
Foram pintados com spray nas estelas memoriais e placas comemorativas slogans e símbolos fascistas, alegadamente em protesto contra a guerra. Nos dias seguintes, apesar do aumento da vigilância, mais duas profanações foram registadas.
Durante esses dias, o túmulo de 400 soldados na Bassinplatz, em Potsdam, também foi atacado. O memorial foi encharcado com tinta vermelha. O Potsdam VVN-BdA chama a esse acto uma "falsificação da história" e um "ataque à cultura antifascista da memória". O memorial soviético em Neubrandenburg também foi alvo de semelhantes ataques.
Tais profanações também foram registadas noutros países. Na Áustria, foram pintados slogans com tinta vermelha no cemitério militar soviético em Laa an der Thaya, um memorial para mais de 450 soldados do Exército Vermelho que deram as suas vidas pela libertação da Áustria do fascismo. A acção deixa claro, como enfatizaram os antifascistas austríacos, que o clima actual está a ser explorado e aproveitado para um revisionismo histórico que menoriza e descredibiliza as conquistas da União Soviética.
Actos de vandalismo também ocorreram no território da Eslováquia. Um monumento aos soldados do Exército Vermelho foi profanado na cidade eslovaca ocidental de Piešťany. As imagens desta profanação mostram que o símbolo com o qual o monumento foi manchado é o emblema do regimento neonazi ucraniano Azov. A Embaixada da Rússia pediu às autoridades locais que restaurem o monumento profanado e punam os responsáveis.
Acções contra memoriais e locais comemorativos aos libertadores soviéticos também continuam na Ucrânia. Na cidade ucraniana de Kharkiv, membros do batalhão neonazi Azov que operam integrados no exército ucraniano, derrubaram o monumento ao Marechal Georgy Konstantinovich Zhukov, soviético. O desmantelamento do monumento teria ocorrido em 17 de Abril. Koatiantyn Nemichev, ex-combatente deste batalhão e chefe da filial de Kharkiv do Corpo Nacional, divulgou um vídeo da demolição do monumento e afirmou que foi desmantelado por Forças Especiais KRAKEN. O vídeo mostra a estátua a ser levada para um aterro sanitário.
Recentemente, autoridades ucranianas demoliram em cidades do país vários monumentos, e renomearam topografia associada à URSS. Em Ternopol, foi demolido um monumento aos pilotos libertadores soviéticos e na cidade de Stryj, região de Lviv, um monumento aos soldados soviéticos que libertaram a cidade dos nazis. As autoridades de Mukachevo, região Trans Cárpatos, removeram um monumento comemorativo da libertação da cidade na Grande Guerra Patriótica, um obelisco de glória. Em Rivno, uma unidade de artilharia de tanque soviética foi removida do seu pedestal.
O mais recente escândalo está a acontecer na Letónia. No início de Maio de 2022, o Parlamento letão aprovou uma emenda à lei que permite a demolição do monumento aos libertadores de Riga na Grande Guerra Patriótica. O Saeima, o Parlamento da República da Letónia, derrogou o artigo 13.º do Acordo sobre a Preservação dos Monumentos Históricos aprovado por Riga e Moscovo em 1994, criando assim a base jurídica para a demolição do Monumento dos Libertadores na capital, que a administração da cidade de Riga procura conseguir. Setenta deputados votaram a favor, 18 contra.
Em Riga, no "Dia da Vitória" muitas pessoas deslocaram-se ao monumento com flores e homenagearam os libertadores, mas no dia seguinte a prefeitura removeu o mar de flores, atirando-as para um aterro sanitário. O governo não podia expressar mais ostensivamente o seu desprezo pelos libertadores e pela vontade da população. Durante os protestos contra esta decisão, Tatyana Zhdanok, membro do Parlamento Europeu, foi presa em Riga.
A Federação Internacional de Resistentes (FIR) protesta com toda a veemência contra esta manipulação indigna da memória e todas as formas de "manipulação" da história. Salientamos novamente: a Europa de hoje foi criada com base na libertação militar da barbárie fascista. As forças aliadas, cujo ónus principal foi suportado pelo exército soviético, libertaram os vários países, ocupados pelo então Reich Alemão, com o apoio e esforços directos dos seus partidários. Honrá-los devidamente é uma responsabilidade de todas as pessoas que trabalham por uma Europa pacífica.